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Editorial

Os avanços da energia solar

O Brasil tem tudo para mostrar ao mundo, mais uma vez, que está na vanguarda da produção e no uso de energia limpa

18 de Agosto de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Placas geração de energia solar
Placas geração de energia solar (Crédito: Divulgação)

Sorocaba entrou, de vez, no mundo maravilhoso da energia solar. Foi inaugurado, na terça-feira (16), o maior centro de excelência em energia solar da América do Sul. A iniciativa é uma parceria entre o Flex Instituto de Tecnologia (FIT) e a empresa do grupo Flex, Nextracker, líder global em rastreadores solares inteligentes. Trata-se de um projeto em Pesquisa, Desenvolvimento (P&D) e Treinamento de mão de obra que proporcionará cursos práticos e multifuncionais para trabalhadores do setor de energia limpa e de empresas de construção. O centro, que fica na zona industrial de Sorocaba, será apresentado, oficialmente, na segunda-feira (22).

Esse novo investimento na cidade vem num momento de extrema importância. De acordo com as estimativas da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), a capacidade de geração no País deve dobrar até o fim do ano. O motivo é simples, com a sanção do Marco Legal da Geração Distribuída, mudanças estão previstas no segmento. A primeira delas é justamente a cobrança de taxa mensal referente aos custos de distribuição de energia, por meio do sistema conectado à rede de distribuição. Até 31 de dezembro, quem ingressar no sistema poderá se beneficiar com a isenção da taxa de energia solar.

Com a crescente procura por painéis solares, as instalações nos tetos de prédios e casas do País deverão somar quase 25 gigawatts médios (GW). Para efeito de comparação, o volume, recorde na história, representaria a capacidade de duas usinas hidrelétricas de Itaipu, no rio Paraná, considerada a maior existente no território nacional, com 14 GW de capacidade, somando suas 20 unidades geradoras.

O centro que funcionará em Sorocaba vai incluir uma instalação solar de 770 quilowatts (kW), de 30 mil metros quadrados, que servirá, entre outras coisas, como um laboratório ao ar livre. No projeto serão desenvolvidos estudos sobre o ciclo de vida completo dos sistemas de rastreadores solares -- dispositivos que seguem o sol, alterando os painéis fotovoltaicos para o aumento da produção de energia solar--- incluindo desde o desenvolvimento de projetos de estrutura, mecânica e elétrico, à sua construção, operação e manutenção. Além disso, também serão realizadas pesquisas relacionadas à dinâmica do vento, mecânica do solo e melhoria de performance do rastreador por meio de software e sistemas de backup de bateria.

O novo laboratório tem como modelo o Centro de Excelência Solar da empresa, localizado na sede em Fremont, na Califórnia (EUA), e num primeiro momento contará com 30 pesquisadores. Esse número pode quase dobrar até o final do ano.

Segundo a Absolar, a energia solar ultrapassou as fontes termelétricas, de biomassa e gás natural e ocupa, atualmente, a terceira posição na matriz energética brasileira, com 8,1%. À frente estão apenas as fontes eólica (10,8) e hídrica (53,9%). Mais de R$ 86,2 bilhões já foram investidos pela iniciativa privada e outros R$ 22,8 bilhões saíram dos cofres públicos, sem contar os quase 500 mil empregos gerados desde 2012.

É vital, para o Brasil, investir cada vez mais em energia limpa. O mundo clama por isso e não é de hoje. Desde a primeira Conferência Mundial do Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, Suécia, em 1974, os governantes lutam para encontrar substitutos para os combustíveis fósseis, mais poluentes e prejudiciais para o nosso futuro.

A energia solar tem se mostrado uma das mais eficientes. O desenvolvimento desses sistemas, nesse momento, vai ajudar o País a se livrar de parte da dependência do petróleo estrangeiro, que encareceu muito desde o início da invasão russa na Ucrânia. Poluindo menos e com vantagem econômica, as fazendas solares tendem a se espalhar por todos os municípios da região metropolitana de Sorocaba. E isso vai fazer o dinheiro circular e garantir a geração de empregos tanto na venda de equipamentos, nos projetos, como também na instalação e manutenção.

O Brasil tem tudo para mostrar ao mundo, mais uma vez, que está na vanguarda da produção e no uso de energia limpa. Temos tudo para liderar essa revolução verde.