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Editorial

Combate à pornografia infantil começa em casa

Sexting, é a fusão de sex e texting, e indica a produção de mensagens de texto com conteúdo sexual

13 de Agosto de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: Reprodução)

A Polícia Federal realizou, esta semana, várias operações para combater a pornografia infantil. Foram registrados casos e prisões em vários Estados. Uma grande quantidade de material foi apreendida, o que mostra que esse tipo de crime tem ramificações em muitos setores da sociedade. O combate só é possível com o avanço da tecnologia. Novos programas de computador facilitam o trabalho dos investigadores permitindo que eles se infiltrem nessas organizações criminosas e desmontem o esquema.

Uma dessas ações da Polícia Federal ocorreu, quinta-feira (11), numa residência em Votorantim. O alvo da operação era um homem de 56 anos que tinha, em sua posse, vasto material contendo cenas de abuso sexual de crianças e adolescentes. Boa parte desses arquivos era distribuída pela internet para outros degenerados que apreciam esse tipo de material. O homem foi preso em flagrante e os arquivos ilícitos apreendidos. Se condenado, pode ficar um bom tempo na cadeia.

Em Campina Grande, na Paraíba, ocorreu caso semelhante. Durante a Operação Escaravelho, um homem foi detido suspeito de armazenar mais de 1.200 arquivos de pornografia infantil. A investigação durou cerca de um mês e produziu um farto relatório das ações criminosas cometidas. Computadores, HDs, pendrives, CDs e DVDs foram apreendidos. “São imagens chocantes, envolvendo cenas de nudez e abuso sexual de crianças e adolescentes”, informou Ramirez São Pedro, delegado responsável pela operação.

Descendo um pouco para o sul, ainda no Nordeste, chegamos à cidade de Santa Inês, na Bahia. Lá houve mais uma prisão. O suspeito tinha em seu poder cinco HDs externos, três computadores, um celular e quatro pendrives lotados de imagens e vídeos pornográficos explorando crianças e adolescentes.

Mudando de região chegamos ao sul do País. Em Modelo, no oeste de Santa Catarina, um homem de 34 anos e uma mulher de 19 anos foram presos, suspeitos de oito crimes. O inquérito policial apontou que o casal estaria envolvido em crimes de pornografia infantil, estupro, colaboração e tráfico de drogas. Além disso, formação de organização criminosa, indução ao falso testemunho, porte e comércio irregular de armas de fogo.

De acordo com a investigação, o homem manteve, por mais de um ano, relações sexuais com uma menina de apenas 13 anos de idade. E filmava e fotografa os atos para vender na internet.

Todos esses são crimes que chocam a sociedade. O problema é que o avanço da tecnologia tem colaborado na disseminação da pornografia infantil. A cada dia fica mais fácil produzir e distribuir conteúdo sexual sem que se possa rastrear a autoria. São milhões de perfis falsos na internet, capazes de enganar mesmo os mais experientes.

Crianças e adolescentes convivem e dominam, cada vez mais cedo, com esse tipo de equipamento. E acabam sendo presas fáceis para os produtores de conteúdo pornográfico. Basta lançar uma moda, que em pouco tempo o assunto viraliza e é amplificado pelas redes sociais. Quantos não são os casos de nudes divulgados por aí. Gente que na inocência fotografou o próprio corpo nu e distribuiu para alguém que considerava de confiança. São milhões de arquivos de fotos e vídeos circulando diariamente pela rede e indo parar nas mãos das quadrilhas que exploram e ganham dinheiro com esse tipo de atividade.

Esse tipo de comportamento cresceu tanto que foi criada uma palavra específica para classificá-lo. Sexting, é a fusão de sex e texting, e indica a produção de mensagens de texto com conteúdo sexual, erótico. Atualmente, também engloba a produção de arquivos de fotos e vídeos enviados ou transferidos por qualquer tipo de dispositivo informático. Embora tais ações possam ser praticadas por qualquer um, tornou-se frequente que crianças e adolescentes, pelas mais diversas razões, exponham partes íntimas de seus corpos ou textos com conteúdo erótico para seus amigos, principalmente por aplicativos instalados nos aparelhos celulares e pelas redes sociais. Esse tipo de material, uma vez distribuído, vaga para sempre pelos incontáveis caminhos da internet.

O trabalho da polícia tem sido intenso em combater esses grupos criminosos que exploram essa fragilidade criada pelo sistema, só que a produção de conteúdo é muito mais veloz do que a capacidade que o Estado tem de fiscalizar.

O importante é estar atento aos atos de nossos filhos. Educá-los para que evitem esse tipo de armadilha. Só com muita conversa e vigilância vamos poder ajudar a sociedade a se livrar dos criminosos que lucram com a pornografia infantil.