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Editorial

Os riscos que um simples balão pode provocar

Segundo a Lei Ambiental Brasileira, a prática de soltar balões é crime e pode gerar uma punição de três anos de prisão

02 de Agosto de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: Reprodução)

A prática de soltar balões é proibida no Brasil. Só que essa é uma lei muito pouco respeitada. Os relatos de acidentes com esse brinquedo nada inofensivo são frequentes. E muitas vezes dão enorme trabalho para o Corpo de Bombeiros.

Foi o que aconteceu domingo (31) na zona sul de Sorocaba. Um balão caiu sobre uma residência num condomínio no Parque Campolim. Os vizinhos chegaram a gravar imagens do momento da queda. O balão foi perdendo altitude, bateu no telhado da casa e em segundos pegou fogo. As chamas se espalharam rapidamente. Funcionários do condomínio acionaram os bombeiros para apagar o fogo e impedir que o problema atingisse também outras casas. Não houve registro de feridos, mas fica o prejuízo e o risco para toda a sociedade.

E esse não foi um caso isolado. Bastava fixar os olhos no céu de Sorocaba, na noite de domingo, para avistar outros pontos luminosos vagando. O difícil, nesses casos, é chegar ao infrator. É praticamente impossível, sem que haja denúncia, que a polícia localize o momento da soltura e possa deter os irresponsáveis.

Esse drama não é vivido só em Sorocaba. Basta uma busca rápida pela internet é dá para encontrar grupos organizados que se gabam de seus feitos fora da lei. O argumento principal é que a atividade faz parte de uma tradição que deve ser perpetuada. O que não é verdade.

Segundo a Lei Ambiental Brasileira, a prática de soltar balões é crime e pode gerar uma punição de três anos de prisão e uma multa mínima de R$ 10 mil por balão, que é aplicada individualmente para quem fabrica, vende, transporta ou solta.

Por isso, esses grupos agem sempre na sombra, driblando a fiscalização. A estimativa do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) é de que 100 mil balões são soltos, a cada ano, no Brasil. Os Estados do Rio de Janeiro e São Paulo lideram a estatística, seguidos pelo Paraná. E os meses de junho e julho são, normalmente, os que registram maiores ocorrências. A situação se agrava no período de festas juninas, quando cresce o número de balões no céu ao mesmo tempo em que a vegetação está mais seca pela falta de chuva. O resultado, quase sempre, é terrível. O mato queima, o incêndio se alastra e a fumaça se espalha, atingindo principalmente rodovias, dificultando a visão dos motoristas e aumentando o risco de acidentes. Plantações e criações de animais também sofrem com o fogo. Já quando caem em áreas urbanas, podem incendiar casas, prédios, galpões e depósitos. Vidas são ameaçadas por uma brincadeira tola.

Alguns balões, de tão grande que são, podem provocar acidentes com aviões ou outras aeronaves. Tempos atrás a Polícia Ambiental chegou a flagrar um balão que carregava, em seu interior, um botijão de gás de 18 quilos. Além do risco de explosão, a queda do botijão seria suficiente para provocar mortes.

A soltura de balões também causa preocupação para os setores de distribuição e transmissão de energia, pois o contato desses artefatos com a fiação elétrica pode causar interrupção no fornecimento. Em geral, os balões têm armações de metal ou transportam estruturas também conhecidas como cangalhas que, ao entrar em contato com a rede, resultam em falta de energia e danos a equipamentos.

Como se pode ver, o perigo é grande e afeta muita gente. A diversão de alguns segundos pode acabar com uma vida, com uma área enorme de vegetação preservada, com uma cidade inteira. Não vale a pena trocar a segurança de todos pela felicidade momentânea de um pequeno e inconsequente grupo de pessoas.

Temos que combater essa atividade ilegal denunciando os infratores, auxiliando os bombeiros e educando as futuras gerações para que abandonem essa prática. Só assim teremos o céu livre desse risco constante.