Editorial
Mercado financeiro melhora previsão para o Brasil
Ao mesmo tempo que o Brasil caminha para uma situação de estabilidade, outros países sentem, cada vez mais, os efeitos da crise global
O Brasil começou a semana com boas notícias vindas da economia. O mercado financeiro reduziu, pela terceira semana consecutiva, a expectativa para os índices inflacionários projetados para 2022.
De acordo com o Boletim Focus, divulgado ontem (18) pelo Banco Central, o ano deve fechar com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 7,54%. O IPCA é a inflação oficial do País. Na semana passada, a previsão era de uma inflação de 7,67%; e há quatro semanas, as projeções estavam em 8,27%.
Em São Paulo, a situação deve melhorar ainda mais. Com uma queda extra na inflação, principalmente no item combustíveis. O governo do Estado determinou, ontem (18), a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do etanol de 13,3% para 9,57%, o que resultará em um impacto de R$ 563 milhões na arrecadação até o final do ano. A renúncia de receita para o Estado está estimada em R$ 125,1 milhões ao mês. A estimativa do governo é que ação reduza o valor na bomba em R$ 0,17. Outros Estados devem seguir o mesmo caminho.
No mês passado, São Paulo anunciou a redução na alíquota da gasolina, de 25% para 18%. Também foram reduzidos de 25% para 18% o ICMS em operações com energia elétrica, em relação à conta residencial que apresente consumo mensal acima de 200 quilowatts-hora (kWh), e de serviços de comunicação.
Com queda no preço da gasolina, do gás, das comunicações, da energia elétrica e agora do etanol, o índice inflacionário nos próximos meses, deve refluir, derrubando os preços produzidos por outros setores. Essa medida faz crescer a chance de uma deflação ainda no mês de julho. E isso tende a se espalhar para os outros Estados da federação.
Voltando para o mercado financeiro, o Boletim Focus prevê, para 2023, uma inflação um pouco maior, passando de 5,09% para 5,20%. É a 15ª semana seguida de previsões de alta deste índice. Há quatro semanas estimava-se inflação de 4,83% para o próximo ano. Para os anos de 2024 e 2025 não há diferenças nas estimativas inflacionárias: 3,3% e 3%, respectivamente.
O mesmo documento aponta, pela terceira semana seguida, alta nas estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB, a soma dos bens e dos serviços produzidos). Na semana passada, a estimativa era de um crescimento de 1,59% em 2022, índice que subiu para 1,75% nesta semana. Há quatro semanas, o mercado financeiro projetava um PIB de 1,5% para o mesmo ano.
Não houve alterações nas projeções de PIB para 2023, 2024 e 2025, na comparação com os índices apresentados na semana passada. Para 2023, a expectativa é de um PIB de 0,5%. Em 2024, a projeção se mantém em 1,8%; e para 2025, em 2%.
O mercado financeiro manteve estável, pela quarta semana consecutiva, as projeções para a taxa básica de juros (Selic) de 2022, que deve fechar o ano em 13,75%. Para 2023, são previstos 10,75%, percentual acima do projetado há uma semana (10,5%).
Há quatro semanas, a previsão era de que 2023 fecharia com uma Selic de 10,25%. Para 2024 e 2025, a previsão se manteve estável: 8% e 7,5%, respectivamente.
Ao mesmo tempo que o Brasil caminha para uma situação de estabilidade, outros países sentem, cada vez mais, os efeitos da crise global. Os Estados Unidos, por exemplo, se aproximam de uma crise financeira poucas vezes vista. A inflação acumulada em 12 meses passou da casa dos 9%, a maior alta de preços dos últimos 40 anos. Isso deve obrigar o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, a seguir aumentando os juros no país. Em junho, o Fed promoveu uma alta de 0,75 pontos percentuais, no maior aumento da taxa básica desde 1994. A expectativa para julho é de mais um ponto percentual.
A situação é tão grave que vários executivos brasileiros do ramo de finanças, com experiência em controle de inflação, estão sendo contratados por empresas americanas para ajudar a gerenciar essa crise. E não vai ser fácil recolocar o país nos eixos.
A Europa vive drama semelhante. O Banco Central de lá está gastando bilhões de euros em reservas para segurar a inflação e a recessão, só que o gás está acabando e não há sinal de melhora no horizonte.
Diante desse quadro, o Brasil tem muito a comemorar. Nossa política econômica se antecipou aos fatos e criou mecanismos que nos deixam numa situação confortável nessa reta final de 2022. A história, no futuro, vai reconhecer o sucesso do País num dos momentos mais tenebrosos do século XXI.