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Editorial

A arte de esticar o orçamento doméstico

Em tempos de orçamento apertado a melhor medida é pesquisar os preços antes de comprar

15 de Julho de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: VINICIUS FONSECA / ARQUIVO JCS (4/9/2020))

O governo federal divulgou ontem (14) a nova previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma dos bens e dos serviços produzidos, para este ano. E houve uma revisão para cima. Os dados da nova estimativa indicam que o crescimento da economia deve passar de 1,5% para 2%. Para o próximo ano, foi mantida a projeção de crescimento de 2,5%. As informações constam do Boletim Macrofiscal, divulgado pelo Ministério da Economia.

O ministério destaca, porém, que o cenário internacional continua desafiador, com redução na perspectiva do crescimento global e o patamar ainda elevado dos preços das commodities de energia e alimentos.

As estimativas de crescimento do PIB dos países desenvolvidos foram revisadas de 3,8%, no início do ano, para 2,6%, no final de junho de 2022. No caso dos países emergentes, as projeções foram alteradas de 5% no início do ano para 3,7% no final de junho, segundo a Bloomberg.

Além da expectativa de alta do PIB, o governo diminuiu a previsão da inflação para este ano medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que passou de 7,9% para 7,2%. Essa projeção já incorpora o impacto de medidas legislativas aprovadas nos preços de combustíveis, energia elétrica e comunicação.

Apesar da redução, a inflação ainda está acima da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) de 3,5%, com intervalo de variação de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. No ano, o IPCA acumula alta de 5,49% e, em 12 meses, o índice registra alta de 11,89%.

Um bom indicativo de que a economia está aquecida vem exatamente do nosso comportamento diário. O consumo nos lares brasileiros já registrou alta de 2,02% no acumulado do ano. Os dados são da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

De acordo com o vice-presidente institucional da Abras, Marcio Milan, a expectativa é de que a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os combustíveis, que impacta o frete, a queda do desemprego e os novos recursos que devem ser injetados na economia decorrentes da Proposta de Emenda à Constituição -- a chamada PEC dos Benefícios -- contribuam para aumentar, ainda mais, o consumo nos lares.

“Estamos confiantes na sinalização dos analistas de mercado para uma inflação em menor patamar para o próximo mês, o que pode diminuir o preço da cesta de alimentos”, disse Milan.

Segundo dados da Abras, o valor da cesta de 35 produtos de largo consumo (alimentos, bebidas, carnes, produtos de limpeza, itens de higiene e beleza) sofreu reflexo da queda da inflação de maio. A variação em maio foi de 0,94%, sendo a menor alta desde janeiro. Com isso, o preço médio da cesta nacional passou de R$ 758,72 em abril para R$ 765,82 em maio. Já no acumulado do ano houve alta de 9,32% e, em 12 meses, a variação foi de 17,20%.

A região Sul apresentou a maior variação no preço médio da cesta, com alta de 2,10%, passando de R$ 842,49 em abril para R$ 860,15 em maio. Em 12 meses, a variação é 21,22%, a maior dentre as cinco regiões do País.

Já a região Sudeste teve recuo de 0,10%. O preço médio da cesta caiu de R$ 748,05 em abril para R$ 747,31 em maio. Nos últimos 12 meses, a variação é de 19%.

Em tempos de orçamento apertado a melhor medida é pesquisar os preços antes de comprar. O Laboratório de Ciências Aplicadas da Universidade de Sorocaba (Uniso) mostra como isso é importante. O último levantamento divulgado aponta enormes distorções nos valores de alguns produtos usados praticamente todos os dias em nossas casas. O quilo da batata, por exemplo, variou 175% na comparação entre os supermercados pesquisados. O do tomate 125%. Uma família que consome, mensalmente, dez quilos de batata economizaria R$ 70 optando pelo preço mais barato encontrado na cidade. A mesma família, se consumir dez quilos de tomate por mês, pouparia outros R$ 50. Em apenas dois itens a economia chegaria a R$ 120. Um alívio e tanto para o bolso.

O governo federal está fazendo a sua parte na luta contra a inflação e na proposição de medidas que acelerem o crescimento do País. É nosso dever adotar a mesma atitude. Saber comprar e saber usar, fazendo com que a renda mensal seja, sempre, melhor aproveitada.