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Editorial

Só não vê quem não quer

O mundo está de olho no Brasil. E temos boas coisas para mostrar, principalmente no campo econômico

14 de Julho de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Eletrobras
Eletrobras (Crédito: Divulgação)

O Governo Federal, desde a posse do presidente Jair Bolsonaro, traçou um projeto de redução do Estado. Esse projeto incluía a privatização de empresas e de serviços e a elaboração de parcerias público-privadas (PPI). Só que no meio do caminho veio uma pandemia que congelou os negócios e os investimentos no mundo. Diante do quadro de incerteza, foi impossível levar essa iniciativa adiante no ritmo que se pretendia.

Mesmo assim a equipe do ministro Paulo Guedes trabalhou duro para deixar o País pronto para o momento que a maré virasse. E os resultados são fáceis de se ver.

Depois de muitas críticas e manobras políticas e judiciais, a Eletrobras foi privatizada. Foram 25 anos até que a companhia passasse para as mãos da iniciativa privada por meio de uma oferta de ações que levantou R$ 33,7 bilhões, diluindo a participação votante do governo de 69% para 40%.

Passado o barulho inicial, as críticas ao processo começam cair por terra e muitos analistas econômicos apontam que o negócio foi um sucesso para o governo e para quem investiu.

O banco norte-americano JP Morgan, um dos maiores e mais respeitados do mundo, tem aconselhado seus clientes a comprar as ações da Eletrobras. A instituição elevou o preço-alvo dos papéis ELET3 de R$ 53 para R$ 64 num cenário que vai até dezembro de 2023 -- o que representa um potencial de valorização de cerca de 40% em relação ao fechamento aos valores atuais. Nos próximos dois meses, o JP Morgan acredita que o principal impulsionador da ação será a definição da nova diretoria e equipe de gestão e o que isso significará para governança e a estratégia da empresa.
Segundo o relatório do banco, a Eletrobras “é uma empresa que tem tudo -- avaliação atrativa, gatilhos positivos, liquidez das ações e boas pontuações de ESG”. Um verdadeiro paraíso para investidores internacionais.

O BTG Pactual também vê a privatização como a chave para a virada da Eletrobras. Os analistas avaliam que a empresa, finalmente, pode se libertar das ineficiências de operar como uma estatal e começar a ser administrada mais como seus pares privados (e mais eficientes) de transmissão e geração.

Como se pode notar, o caso de Eletrobras está se tornando um exemplo mundial de negócio bem-sucedido. E o Brasil tem muito mais a ofertar. O País tem sido considerado como um dos melhores ambientes para a elaboração de parcerias público-privadas na América Latina. A conclusão é de um relatório divulgado ontem (13) pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pela revista The Economist.

Os autores do levantamento não elaboraram um ranking, mas dividiram os 26 países estudados em grupos. O Brasil está na categoria “desenvolvido”, com nota entre 60 e 79,9. Na mesma categoria, estão Chile, Uruguai, Peru, Colômbia, Panamá e Costa Rica. Nenhum país no continente foi incluído na categoria “maduro”, com nota entre 80 e 100.

As PPPs representam uma forma de o poder público conceder um serviço à iniciativa privada. O particular faz investimentos e executa um serviço para o poder público, sendo pago de duas formas: integralmente pelo Estado (sem ônus para o cidadão) ou pago parcialmente pelo Estado e parcialmente pelo usuário do serviço, mediante tarifa.

Em relação ao Brasil, o relatório destacou que o País tem “um dos mercados de PPP mais ativos na América Latina”, concentrando mais de 40% dos investimentos da região. O destaque vai para o setor de energia, que concentrou 77% do valor investido em PPPs de 2018 a 2020. O levantamento considerou como um dos principais avanços a nova Lei de Licitações, aprovada ano passado, que introduziu a modalidade de diálogo competitivo. Nesse sistema, modalidade em que a administração pública faz diálogos com licitantes escolhidos mediante critérios objetivos, para desenvolver uma ou mais alternativas capazes de atender às suas necessidades. Após o encerramento dos diálogos, os licitantes devem apresentar proposta final.

Como se pode notar, o mundo está de olho no Brasil. E temos boas coisas para mostrar. O nosso modelo econômico está dando um show de eficiência e criatividade. Só não vê quem não quer. Sem a experiência do ministro Paulo Guedes e de sua equipe estaríamos enfrentando o caos para o qual muitas nações se encaminham. Mudar esse rumo agora seria temerário para quem sonha com um país melhor.