Editorial
Recuperação da economia exige paz institucional
Nesta segunda-feira (11), um crime violento, no Paraná, foi suficiente para azedar o clima político novamente
A economia brasileira tem vivido, nos últimos meses, de sobressaltos. Quando tudo parece caminhar bem, basta uma notícia fora do roteiro traçado pelos analistas para mudar o humor do mercado. E aí surge uma nova onda de pessimismo, valorização do dólar e queda das ações na Bolsa de Valores. No meio desse caos, poucos são os que realmente lucram com isso. A grande maioria da população é que acaba sofrendo com todo esse movimento especulativo.
Ontem (11), um crime violento, no Paraná, foi suficiente para azedar o clima político novamente. As redes sociais fizeram o papel de colocar mais lenha na fogueira e a instabilidade voltou a preocupar a economia. E isso num dia de notícias boas. Imagine se a situação brasileira estivesse próxima do que vive a Argentina, por exemplo.
O país vizinho tem enfrentado constantes protestos. Nem a direita nem a esquerda estão satisfeitas com a gestão Alberto Fernandez. A inflação por lá passa dos 60% e a escassez de alimentos e de combustíveis já preocupa. O ministro da Economia pediu demissão por e-mail e não está fácil encontrar um substituto que saiba como resolver a situação.
No Brasil o cenário é completamente diverso. Pela segunda semana seguida, o mercado financeiro reduziu a expectativa de inflação para 2022. De acordo com o Boletim Focus, divulgado ontem (11) pelo Banco Central, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano deverá ficar em 7,67%. Há uma semana, esse percentual estava em 7,96%; e há quatro semanas, em 8,5%.
O Boletim Focus é uma publicação semanal que reúne a projeção de cerca de 100 instituições do mercado para os principais indicadores econômicos do País. Para 2023, a expectativa de inflação está em 5,09% e para 2024, a projeção de inflação está em 3,3%.
Com relação ao Produto Interno Bruto (PIB, a soma dos bens e dos serviços produzidos no País), o Boletim Focus desta semana aumentou de 1,51% (projeção divulgada na semana passada) para 1,59% a previsão de crescimento. Há quatro semanas, o cálculo estava em 1,42%.
O mercado financeiro manteve estável em 13,75% a estimativa para a taxa básica de juros, a Selic, de 2022. Há quatro semanas, a previsão era de 13,25% para o fechamento do ano.
Também se manteve estável a previsão da Selic para 2023, na comparação com o número apresentado há uma semana, de 10,5%. Há quatro semanas, a previsão era de fechar 2023 com uma taxa de 10%.
A estimativa para a cotação do dólar ao final do ano apresentou alta na comparação com a semana passada, passando de R$ 5,09 para R$ 5,13. Um quadro bastante confortável na comparação com outros países que ainda não reencontraram o rumo para o crescimento após a pandemia da Covid-19 e a invasão da Ucrânia pela Rússia.
O Brasil segue firme na economia, mesmo atravessando o período eleitoral que promete ser um dos mais polarizados da história. O Congresso Nacional entendeu esse momento e tem ajudado o presidente Jair Bolsonaro a aprovar medidas que garantam a estabilidade financeira da população e o suporte assistencial para as famílias que precisam de uma renda extra para enfrentar a reta final da crise.
Exemplo disso pode-se constatar diariamente nos postos de combustíveis. Depois de aprovada a lei que reduziu a alíquota do ICMS sobre a gasolina os preços começaram a cair. E isso vai ajudar a controlar, firmemente, a inflação. Alguns analistas já projetam deflação para o mês de julho.
Só que para tudo isso dar certo é preciso tranquilidade institucional. O governo sabe o que fazer, mas passa a maior parte do tempo apagando incêndios em vez de arrumar a casa. Um único mês de calmaria seria imprescindível para que tudo ficasse em ordem. Resta saber se a economia vai ter esse tempo diante da profusão de ataques que atingem Brasília por todos os lados. A hora é de colocar água na fervura e não de ver o circo pegar fogo.