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Meio ambiente

Um tesouro que precisa ser melhor aproveitado

O que importa é que a Amazônia, na maior parte de sua extensão, é brasileira e deve servir, primeiramente, ao Brasil

10 de Julho de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
A Amazônia é um mundo
A Amazônia é um mundo (Crédito: Deposit Photos)

Sempre que se fala em Amazônia os ânimos se exaltam. Todo mundo tem uma opinião sobre o assunto e, na maioria das vezes, a convicção é sedimentada em informações pouco confiáveis. É como futebol ou política, a paixão por seu time ou candidato muitas vezes suplanta a razão. E nem sempre estamos abertos a opiniões dissonantes.

A Amazônia é um mundo. Maior que muitos países. E é praticamente impossível que qualquer governante, não importa o partido, controle todas as variáveis que surgem na hora de preservar a floresta. O poder público precisa aliar medidas de sobrevivência e geração de emprego e renda para a população local, respeitar as diferenças de cada tribo indígena que vive na região, salvaguardar flora e fauna.

Para piorar a situação, a área é rica em minerais preciosos e caminho livre para o tráfico de drogas e armas.
Numa fronteira imensa a missão é hercúlea para qualquer que seja o governante de plantão. Se não partirmos dessa premissa, nem vale a pena discutirmos os outros fatos. Nem ouvir a opinião de ambientalistas, estrelas da mídia e influencers que sequer pisaram no solo amazônico.

O que importa é que a Amazônia, na maior parte de sua extensão, é brasileira e deve servir, primeiramente, ao Brasil. Fomos nós que mantivemos, até hoje, quase a totalidade da mata em pé. E preservamos biomas e espécies de animais e plantas nunca vistos em outros locais.

O bioma amazônico é continental, ocupa quase metade do território do País, é compartilhado por países vizinhos como Colômbia e Peru e se destaca como território de megabiodiversidade. Um levantamento coordenado pela World-Transforming Technologies (WTT), com a participação da Agência Bori, mapeou 1.070 artigos científicos publicados nos últimos cinco anos na base internacional de periódicos Web of Science.

E se descobriu que o número total de espécies de animais e plantas que vive na Amazônia ainda é desconhecido, mas estima-se que existam pelo menos de 30 mil a 40 mil espécies apenas de plantas. É o caso, por exemplo do açaí, do buriti e do tucumã, da castanha do Pará e do guaraná, frutos que vêm sendo cada vez mais pesquisados e explorados pela comunidade científica.

O estudo constatou que as áreas mais pesquisadas na Amazônia envolvem a ciência das plantas, as ciências ambientais, a ciência e tecnologia de alimentos, a ecologia, a bioquímica e a biologia molecular. “A gente precisa dar visibilidade à ciência feita na Amazônia e sobre a Amazônia.

Há muita pesquisa sobre os ativos da biodiversidade que têm o potencial de resolver problemas importantes da sociedade, como tratamento de câncer, tratamento para prevenção de infecção com mercúrio, biomateriais, bioplástico. Há muita coisa interessante sendo pesquisada que pode, de fato, virar tecnologia, solução para problemas da sociedade”, diz o idealizador do estudo e gerente de operações da WTT, Andre Wongtschowski.

As pesquisas são variadas. Nelas, os insumos são usados, por exemplo, para supressão tumoral de células de câncer de ovário, agente sensibilizador para terapia fotodinâmica de câncer e como agente em combate a doenças infecciosas.

As pesquisas trabalham também com a validação científica da utilização de insumos tradicionalmente empregados na medicina popular no tratamento de anemia, diarreia, malária, dores, inflamações, hepatite e doenças renais, dadas as atividades anti-inflamatória e antidiarreica, entre outras.

“Essas pesquisas promissoras, precisam sair das prateleiras, do papel e, de fato, se transformarem em soluções para problemas importantes”, defende Wongtschowski.

Segundo o pesquisador, é necessária uma política nacional de inovação que estabeleça grandes objetivos a partir dos desafios do Brasil, que precisam ser resolvidos com a ciência. Nas soluções, é preciso engajar a comunidade científica, empresas, governos, organizações não governamentais e a sociedade em geral.

A Amazônia está aí. Com milhões de quilômetros quadrados intocados e que guardam receitas financeiras que podem transformar o País numa das maiores potências do mundo. Trancar a floresta a sete chaves, com o objetivo único da preservação, é abrir mão de um futuro melhor para todos os brasileiros. A Amazônia deve ser cuidada e tratada como o tesouro que ela realmente é.