Buscar no Cruzeiro

Buscar

Editorial

Benefícios extras em debate

A economia, em tempos de crise mundial e dinheiro escasso, é um verdadeiro jogo de xadrez

25 de Junho de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: José Cruz / Agência Brasil)

O presidente Jair Bolsonaro defendeu, ontem (24), numa inauguração de um conjunto habitacional em João Pessoa, o reajuste do valor do Auxílio Brasil. O objetivo é permitir que as famílias de baixa renda recuperem o poder aquisitivo corroído por meses de inflação.

Bolsonaro disse que o aumento dos índices de inflação tem, entre suas causas, problemas decorrentes do isolamento social, medida de combate à pandemia que, segundo ele, acabou por prejudicar a economia do País.

Para o presidente, a medida pode ajudar na superação desses efeitos negativos causados pela pandemia na economia. O aumento proposto pelo governo elevaria o valor do Auxílio Brasil, de R$ 400 para R$ 600. Esse benefício seria temporário, de caráter emergencial e valeria até o final do ano.

De acordo com pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), que mede a prévia da inflação oficial, está acumulado em 12,04%, nos últimos 12 meses.

“Sempre disse, durante a pandemia, que o povo devia continuar trabalhando, e que estava errada a política de fechar tudo no Brasil. Estamos vendo que o ‘fica em casa que a economia a gente vê depois’ não deu certo. Vivemos momentos difíceis no Brasil e no mundo, com inflação e aumento de preços que atingem a todos. Mas isso a gente supera porque, como a imprensa está anunciando, o Auxílio Brasil vai passar de R$ 400 para R$ 600”, disse o presidente.

Ele acrescentou que, só na Paraíba, cerca de 1,5 milhão de pessoas recebem o benefício que, segundo Bolsonaro, “é diferente do Bolsa Família, que, lá atrás, quem fosse trabalhar perdia”.

Pela proposta feita pelo Ministério da Economia o que se pretende, na prática, é manter o Auxílio Brasil em R$ 400 e recriar o Auxílio Emergencial de R$ 200 até o fim do ano.

Esse benefício viria acompanhado de outros dois. Um deles é um vale de R$ 1.000 para caminhoneiros e um reajuste no vale-gás.

No caso do auxílio para o pagamento do gás de cozinha, a ideia do governo é que o benefício, destinado atualmente a cerca de 5,5 milhões de famílias e pago a cada dois meses, seja depositado mensalmente.

Hoje, o valor é de R$ 53, o valor do benefício corresponde a 50% da média do preço do botijão de 13 kg.

Esse conjunto de medidas teria validade até 31 de dezembro deste ano. O custo total está estimado em cerca de R$ 30 bilhões, segundo afirmou o líder do governo no Senado na quinta-feira (23), Carlos Portinho (PL-RJ).

A criação desses benefícios será discutida por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que já está em andamento no Congresso.

A PEC vai instituir um estado de emergência para garantir que os gastos não sejam alvo de questionamentos por conta da lei eleitoral -- que impede a criação e a ampliação de beneficiários de programas sociais em ano de eleição.

De acordo com integrantes do governo que estão à frente da articulação, a ideia é mexer na redação da PEC que foi inicialmente pensada para compensar parcialmente os Estados para zerar o ICMS do óleo diesel.

Essa PEC prevê um gasto fora do teto de R$ 29,6 bilhões para compensar os Estados. Agora, os recursos serão usados para turbinar o Auxílio Brasil, que custará cerca de R$ 21 bilhões até o fim do ano; o vale para caminhoneiros, com custo de R$ 5 bilhões; e o auxílio para o gás, R$ 2 bilhões.

A economia, em tempos de crise mundial e dinheiro escasso, é um verdadeiro jogo de xadrez. Cada movimento tem que ser muito estudado antes de jogado. Um passo em falso pode comprometer de forma irreparável a partida. Antes de mover as peças é preciso aproveitar o tempo que o cronômetro nos dá. Só que esse período diminui a cada segundo. E chega uma hora que a decisão não pode ser mais postergada.