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Editorial

Doar sangue é um gesto de solidariedade

Por mais que a medicina tenha avançado com vários paliativos sintéticos, não existe um substituto para o sangue

17 de Junho de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: Vinícius Fonseca / Arquivo JCS)

Os hemocentros de todo o País vivem um drama eterno: manter, em bom nível, os estoques dos bancos de sangue. A maioria das pessoas nem se lembra da importância desse gesto solidário. Só quando algum parente ou amigo precisa da doação é que a ficha cai. E por pouco tempo. Dias depois o assunto já volta para o esquecimento.

O sangue doado é usado para salvar a vida de pessoas que se submetem a tratamentos e intervenções médicas de grande porte e complexidade, como transfusões, transplantes, procedimentos oncológicos e cirurgias.

O sangue é indispensável também para que pacientes com doenças crônicas graves -- como doença falciforme e talassemia -- possam viver por mais tempo e com mais qualidade, além de ser de vital importância para tratar feridos em situações de emergência ou de calamidade.

Uma única doação pode salvar até quatro vidas. No primeiro trimestre deste ano, de acordo com a Secretaria de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, foram coletadas aproximadamente 732 mil bolsas de sangue. Já os dados de 2021 apontam para uma melhora no número de doadores em relação ao início da pandemia de Covid-19, quando os estoques sofreram redução de 10%. Em 2019, foram realizadas 3.271.824 coletas de sangue no País. Em 2020, o número caiu para 2.958.665. Já em 2021, o número subiu para 3.035.533 bolsas de sangue coletadas. De acordo com dados de 2021, 1,4% da população brasileira doou sangue. O número está dentro da média recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que estipula, como ideal, uma taxa de doadores de sangue entre 1% e 3% da população.

A secretária de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, Maíra Botelho, disse que a manutenção dos estoques é essencial em momentos graves e citou o exemplo das fortes chuvas que ocorreram há pouco mais de duas semanas em Pernambuco e Alagoas, vitimando centenas de pessoas.

“Devido às enchentes causadas pelas chuvas nos últimos dias, o Estado de Pernambuco teve de ativar o Plano Nacional de Contingência de Sangue e seis Estados enviaram, com o apoio do Ministério da Saúde, 767 bolsas de sangue para lá”, disse. Ela explica que, nesses momentos, os estoques acabam pressionados e é fundamental que a população seja solidária.

Maíra lembra ainda que, apesar dos avanços na medicina, o sangue permanece insubstituível. “Por mais que a medicina tenha avançado com vários paliativos sintéticos, não existe um substituto para o sangue”.

A luta dos hemocentros é árdua. Todo dia é necessário correr atrás de doadores. E em tempos pós-pandemia, a dificuldade aumenta. A maioria das pessoas quer evitar os ambientes que se pareçam com hospitais. Essa cautela atrapalha a coleta do sangue e reduz o número de candidatos aptos.

Outro problema que interfere na doação é a Covid propriamente dita. Muitas mudanças de protocolo precisaram ser feitas para evitar que quem esteja com a doença seja aceito como doador.

Desde janeiro, o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), modificaram os prazos e critérios de doação em razão da Covid-19. Os potenciais doadores com diagnóstico ou suspeita da doença e que apresentaram sintomas, mesmo nos casos leves ou moderados, só poderão doar sangue depois de um período de dez dias após a recuperação da doença. Antes, eram 14 dias.

Também serão consideradas inaptas as pessoas que apresentarem teste diagnóstico positivo para Sars-cov-2, mesmo que sejam assintomáticas. Aqui, o período de proibição é de dez dias após a data da coleta do exame.

Quem tomou a vacina contra a Covid também deve respeitar um período determinado pelas autoridades de saúde antes de doar. No caso da Coronavac são 48 horas. Para as outras vacinas, sete dias.

Manter os hemocentros abastecidos é de responsabilidade de toda a população. É um gesto de solidariedade que pode salvar vidas. Não deixe para lembrar desse ato importante só quando seu parente, ou amigo, estiver internado num hospital precisando de ajuda. Doar sangue é para hoje e para sempre.