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Editorial

A privatização da Eletrobras e o crescimento econômico

Os resultados só não vieram antes por conta de dois longos anos de pandemia e de uma mudança na dinâmica do mundo

16 de Junho de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: Alan Santos / AFP )

Uma cerimônia, na tarde de terça-feira (14), na sede da B3 marcou o início da privatização da Eletrobras. O presidente da República, Jair Bolsonaro, e os ministros da Economia, Paulo Guedes, e de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, participaram do ato, marcado pelo famoso toque de campainha.

Durante o ato, o ministro Paulo Guedes lembrou que a operação de capitalização da Eletrobras foi complexa. “A privatização é supercomplexa, como disse [o presidente do BNDES, Gustavo Montezano. São R$ 5 bilhões que vão para o programa nuclear, R$ 32 bilhões que vão para a modicidade tarifária, R$ 25 bilhões para a União; R$ 10 bilhões para a revitalização das bacias hidrográficas. Ela tem inúmeras dimensões e é produto de um esforço enorme”, disse Guedes.

Guedes disse, ainda, que a privatização da companhia vai garantir segurança energética para o País. “A missão é deixar esse legado para gerações futuras. É a maior empresa de geração de energia limpa e renovável do mundo, que está livre. É como um filho que saiu de casa aos 18 anos e foi para a vida. E agora vai vencer e não precisa mais ficar sobre a proteção do Estado. A Eletrobras agora está livre, está capitalizada, vai seguir, e ela é a garantia da segurança energética do Brasil”, disse o ministro.

A venda da participação do governo federal na Eletrobras é a maior operação no País desde a venda da Telebras em 1998 e é vista como uma entrega importante da área econômica, sinalizando o compromisso com a agenda de desestatizações. A Eletrobras é maior empresa do setor elétrico da América Latina e passa para as mãos do setor privado após seis décadas de controle estatal.

A oferta de ações que permitiu a desestatização da empresa movimentou R$ 33,7 bilhões, com a procura por papéis superando duas vezes o montante disponibilizado. O valor da ação, definido em R$ 42, foi além das expectativas iniciais, por conta da grande oferta de investidores para o negócio.

Mais de 370 mil pessoas também decidiram participar do processo usando parte do dinheiro retido pelo FGTS nas ações da empresa.

E essa privatização, além de alavancar a economia, trará retorno direto para o consumidor de energia. A secretária-executiva do Ministério de Minas e Energia, Marisete Pereira, disse na terça-feira que o aporte de R$ 5 bilhões da Eletrobras na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) vai permitir a redução de tarifas de energia, uma das condições pré-estabelecidas do processo de privatização da empresa. Essa redução deve começar a ser sentida no início do segundo semestre.

“Em relação aos recursos que serão aportados para redução da pressão tarifária isso deve ocorrer até o final do mês de julho”, disse Marisete Pereira.

E a ideia do governo é ampliar o processo de privatizações. O ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, disse que, até o final de 2022, por meio do programa de concessões de infraestrutura de transportes, o governo federal deve atingir a meta de R$ 200 bilhões em contratos de investimentos da iniciativa privada.

“A gente soma, já contratado, R$ 100 bilhões. Se você parar para pensar que o orçamento do Ministério da Infraestrutura, em 2022, para lidar com toda agenda de um país continental, é de R$ 6,7 bilhões, R$ 100 bilhões é muito dinheiro”, destacou Marcelo Sampaio.

Para atingir os R$ 200 bilhões nos contratos de investimentos na área de transportes até o fim do ano, o ministro destaca novas rodadas de privatização em 2022, como a sétima de aeroportos, que inclui o aeroporto de Congonhas e o Campo de Marte, em São Paulo, e o aeroporto de Belém. Ele também aponta a privatização do Porto de Itajaí (SC), o Porto de São Sebastião e o Porto de Santos, em São Paulo.

O Brasil começa a colher os frutos de uma política econômica anunciada ainda na campanha eleitoral de 2018. Os resultados só não vieram antes por conta de dois longos anos de pandemia e de uma mudança total na dinâmica do mundo. A partir de agora, tudo deve deslanchar e ajudar o País a retomar o crescimento de forma cada vez mais rápida.