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Editorial

O efeito da Cúpula das Américas

Os Estados Unidos se comprometeram a aproximar empresários brasileiros de produtores dos EUA e de nações parceiras

11 de Junho de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: Anna Moneymaker / Getty Images / AFP)

Depois de muita expectativa e disse me disse, os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos finalmente se encontraram. A reunião particular foi em Los Angeles, durante a Cúpula das Américas. Para os que torciam por uma saia justa para o Brasil, não foi o que se viu.

Joe Biden elogiou publicamente o trabalho feito pelo Brasil na Amazônia e se prontificou a ajudar o País a buscar fontes alternativas de fertilizantes para garantir a produção do setor agropecuário. Os Estados Unidos se comprometeram, também, a aproximar empresários brasileiros de produtores norte-americanos e de nações parceiras.

Os esforços de Bolsonaro para manter o fluxo de importação de fertilizantes para o mercado interno é uma das principais metas do governo. Nossas lavouras precisam desse insumo para continuar a produzir, em larga escala, alimento para todo o mundo. A queda de produção na agricultura não traria danos apenas para a economia brasileira, mas provocaria insegurança alimentar em todas as nações que dependem da nossa soja, do nosso milho e das nossas carnes.

A reunião, em Los Angeles, foi politicamente benéfica para os dois. Além da pauta alimentar, colocou o Brasil em um caminho de reaproximação com os Estados Unidos. O realinhamento com os EUA e a agenda bilateral na Cúpula das Américas permite a Bolsonaro mostrar que seu governo não está isolado no cenário internacional.

Sobre as divergências ideológicas com Biden, Bolsonaro comentou, “É igual a um casamento, você vai aceitar os meus defeitos, eu vou aceitar os seus e vamos ser felizes.”

Voltando para o Brasil, novos dados divulgados ontem (10) apontam para a recuperação econômica do País. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) subiu 1,3 ponto em junho, de 56,5 para 57,8. O índice está acima da média história, que é de 54,2 pontos. Esse indicador antecede os dados de desempenho industrial e sinaliza a tendência da produção industrial para os próximos meses. Todos os componentes do índice subiram.

Outro dado importante divulgado na sexta-feira foi que o volume de vendas do comércio varejista do País cresceu 0,9% de março para abril deste ano. A informação está na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esta é a quarta alta consecutiva do indicador.

Também foram registrados crescimentos na média móvel trimestral (1,2%), na comparação com abril de 2021 (4,5%), no acumulado do ano (2,3%) e no acumulado de 12 meses (0,8%).

Quatro das oito atividades pesquisadas tiveram alta na passagem de março para abril: móveis e eletrodomésticos (2,3%), tecidos, vestuário e calçados (1,7%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,4%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,1%).

Por outro lado, quatro atividades tiveram queda no volume de vendas: combustíveis e lubrificantes (-0,1%), hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,1%), livros, jornais, revistas e papelaria (-5,6%) e equipamentos e material para escritório informática e comunicação (-6,7%).

Aos poucos, as boas notícias econômicas começam a surgir depois de dois anos difíceis causados pelo “fecha tudo” da pandemia. As cadeias produtivas levaram algum tempo para se rearranjar, mas os frutos começam a ser colhidos.

Ainda há muito por fazer, a guerra da Ucrânia atrapalhou a retomada do crescimento, encareceu os combustíveis e os alimentos e provocou uma incerteza mundial do rumo que as coisas vão tomar. O que parecia ser um conflito de curta duração já se estende por quase quatro meses. E não se sabe como acabará.

Mesmo com essa incógnita, que atinge todos os países, o Brasil tem feito sua lição de casa e colhido elogios no exterior. A recuperação total é uma questão de tempo, se nada mais atrapalhar.