Buscar no Cruzeiro

Buscar

Editorial

Caminho certo para a recuperação econômica

O Brasil tem um trunfo diante desse cenário, o agronegócio. A nossa produção vai de vento em popa

09 de Junho de 2022 às 00:00
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: ARQUIVO AGÊNCIA BRASIL)

O Brasil vive, nesse momento, na contramão das principais economias do mundo. Lá fora cresce o discurso de recessão e de estagflação (estagnação econômica com inflação). Aqui, os números apresentam sinais de recuperação e crescimento. O Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todas as riquezas que o País produz, tem surpreendido analistas, o desemprego está em queda, a renda do trabalhador em ligeira alta, a indústria dando sinais de recuperação. A inflação ainda é um fantasma que assusta e preocupa a população muito por conta da alta dos combustíveis.

Essa percepção de recuperação econômica do Brasil não é sentida só dentro do País. O Banco Mundial revisou para cima a previsão para crescimento do PIB brasileiro em 2022. A expectativa, agora é que cresça 1,5%, conforme o relatório “Prospectos Econômicos Globais”, divulgado na terça-feira (7). Em janeiro, a expectativa era de crescimento de 1,4%.

De acordo com o documento, a pressão da inflação sobre a renda das famílias, a estagnação de investimentos de empresas e as incertezas políticas estão travando o Brasil.

No mesmo documento, o Banco Mundial reduziu sua previsão de crescimento global em 1,2 ponto percentual, para 2,9% em 2022, e alertou que a invasão da Ucrânia pela Rússia agravou os danos da pandemia de Covid-19, o que fará com que muitos países provavelmente entrem em recessão. Segundo o relatório, a invasão russa aumentou a desaceleração da economia global, que está agora entrando no que pode se tornar “um período prolongado de crescimento fraco e inflação elevada”, a chamada estagflação.

O presidente da instituição, David Malpass, disse que o crescimento global é prejudicado pela guerra, pelos novos bloqueios relacionados à Covid-19 na China, pelas interrupções na cadeia de suprimentos e pelo risco de estagflação. Esse período de crescimento fraco e alta inflação foi visto pela última vez na década de 1970. “O perigo de estagflação é considerável hoje”, afirma Malpass no prefácio do documento do Banco Mundial.

O Brasil tem um trunfo diante desse cenário, o agronegócio. A nossa produção vai de vento em popa e com a alta das cotações lá fora, o volume de dinheiro que entra com as exportações é ainda maior.
Segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) de maio, divulgado ontem (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas deve fechar 2022 com um volume recorde de 263 milhões de toneladas. Caso a estimativa se confirme, a safra será 3,8% superior à registrada em 2021, de 253,2 milhões de toneladas. A previsão de maio é 0,6% maior do que a estimada pela pesquisa de abril, de 261,5 milhões de toneladas.

A alta em relação a 2021 deve ser puxada principalmente pelas safras de milho, que devem fechar o ano em 112 milhões de toneladas, um crescimento de 27,6% na comparação com o ano anterior.

“A colheita da segunda safra está começando agora e as condições climáticas são boas, especialmente em Mato Grosso e no Paraná, que são os principais produtores desse grão”, informou o pesquisador do IBGE Carlos Alfredo Guedes.

O trigo é outra lavoura que deve ter aumento na produção este ano, com uma alta de 13,6% na comparação com o ano passado. Segundo Guedes, o aumento esperado tem relação com a invasão da Ucrânia pela Rússia. Os dois países são grandes exportadores do produto.

“Isso fez os produtores brasileiros expandirem as áreas de plantio. Se tiver uma boa condição climática, a produção deve ser recorde em 2022”, explica.

O Brasil vive um bom momento e tem condições de se destacar diante das outras economias mundiais. O perigo é o momento eleitoral bagunçar essa chance de recuperação. As disputas políticas devem existir, mas no campo das ideias, sem sabotagens e medidas que sirvam somente a interesses pessoais e não para o bem da sociedade. Se todos trabalharmos juntos, o País atravessará esse momento livre da turbulência que, com certeza, vai afetar as outras nações.