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Editorial

As mudanças do cenário eleitoral

Muita água ainda vai correr até as eleições. Nas ruas e nas pesquisas vamos poder sentir o rumo das campanhas

04 de Maio de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: FÁBIO ROGÉRIO / ARQUIVO JCS (22/10/2018))

Termina hoje o prazo para regularização dos títulos eleitorais. É o último dia, também, para que jovens de 16 e 17 anos solicitem a emissão do documento. Depois disso não é possível mais votar nas eleições de outubro deste ano.

A partir de quinta-feira os cartórios eleitorais vão se preocupar apenas com a organização do pleito. E muita coisa precisa ser feita para que, em dois de outubro, tudo esteja na mais perfeita ordem.

Daqui para frente a batalha no campo político vai se acirrar. Já tivemos uma mostra disso no domingo, primeiro de maio. Grupos ligados aos dois candidatos melhor colocados nas pesquisas presidenciais foram às ruas para mostrar força. Nesse primeiro embate, Jair Bolsonaro saiu vitorioso. As manifestações convocadas por simpatizantes ligados a ele tomaram as ruas de várias capitais e cidades do interior. O destaque principal foi a avenida Paulista, em São Paulo. Lá milhares de apoiadores defenderam a liberdade de expressão, o voto auditável e criticaram atitudes de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Também em São Paulo, na praça Charles Miller, entidades sindicais realizaram um ato pelo dia do Trabalhador. O convidado principal foi o ex-presidente Lula. Só que as coisas não saíram do jeito que o petista sonhava. A adesão foi pequena e nem os shows musicais serviram de isca para atrair o público. Lula precisou adiar seu discurso por três horas, na expectativa de que mais gente estivesse lá para ouvir suas propostas, mas isso não aconteceu.

Para piorar a situação do ex-presidente, logo no início do discurso, teve pedir desculpas aos policiais.

“Quando eu estava fazendo o discurso [sábado, 30/4], eu queria dizer que o Bolsonaro só gosta de milícia, ele não gosta de gente. E eu falei que ele só gosta de polícia, não gosta de gente. E eu quero aproveitar para pedir desculpas aos policiais deste País, porque muitas vezes comete erros, mas muitas vezes salva muita gente do povo trabalhador e nós temos que tratá-los como trabalhador nesse País”, disse Lula.

Só que a tentativa de desculpas não surtiu efeito na categoria. Lula, em seu remendo, preferiu destacar que a polícia erra e de vez em quando acerta ao salvar a vida dos trabalhadores, em vez de reconhecer, de fato, o voluntarioso trabalho de milhares de policiais em todas as unidades da federação.

Nas últimas semanas, o ex-presidente tem demonstrado um certo descontrole emocional. Seus discursos, com propostas cada vez mais estapafúrdias, assustam integrantes da campanha e afastam eleitores. E o resultado já pode ser sentido nas pesquisas eleitorais. O pré-candidato do PT, que sonhava com uma vitória fácil ainda no primeiro turno, vê dia a dia seu principal concorrente se aproximar. Jair Bolsonaro tem aproveitado a sua popularidade para viajar pelo país em contato direto com o eleitorado e isso lhe tem rendido bons números nas últimas sondagens eleitorais.

Um levantamento feito pelo Instituto Paraná Pesquisas, entre os dias 24 e 29 de abril, e divulgado no fim de semana mostra que Bolsonaro ultrapassou Lula nas intenções de voto no Estado de São Paulo. O atual presidente aparece com 35,8% das preferências. Lula está em segundo lugar com 34,9%. Essa mudança de comportamento do eleitorado paulista, segundo os analistas políticos, pode se espalhar rapidamente por todo o País já que o Estado é considerado um termômetro para as eleições nacionais.

Outro sinal que mostra o crescimento eleitoral de Bolsonaro está em Brasília. Partidos ligados ao Centrão, como MDB, PSD e União Brasil, começam a se aproximar do Palácio do Planalto. O mesmo movimento ocorre nos Estados. Candidatos apoiados por Bolsonaro ao cargo de governador recebem um número cada vez maior de apoiadores. Isso tudo somado garante musculatura extra ao atual presidente para ganhar votos nas eleições.

Do outro lado, Lula resolveu culpar o marqueteiro de campanha pela queda em sua popularidade. Ordenou a troca e ainda não se sabe o rumo que as coisas vão tomar. Há divergências internas graves na campanha do petista. O senador Randolfe Rodrigues, escolhido como coordenador da campanha, quer que Lula vá para as ruas e se aproxime do povo. Já a cúpula petista prefere preservar a imagem do candidato só o exibindo em ambientes controlados pela militância.

Fora dessa disputa, Ciro Gomes e os postulantes ao cargo de candidato da Terceira Via (João Doria, Simone Tebet e Luciano Bivar) patinam nos números e, por enquanto, não ameaçam as posições de Bolsonaro e Lula.

Muita água ainda vai correr até as eleições. Nas ruas e nas pesquisas vamos poder sentir de forma concreta, o rumo das campanhas. Cabe ao eleitor estudar bem as propostas dos candidatos e votar nos que podem realmente garantir um futuro melhor para o Brasil.