Editorial
Os obstáculos para o crescimento do Brasil
A situação é tão grave que a presidente da OMC, procurou o Brasil pedindo mais alimentos
Os números da economia no primeiro trimestre reservaram mais uma boa notícia para Sorocaba. As exportações do que é produzido na cidade cresceram 30% na comparação com o mesmo período de 2021. Entre janeiro e março de 2022, as vendas das empresas instaladas em Sorocaba para outros países somaram US$ 72,2 milhões, ante US$ 55,6 milhões no ano passado. Assim, nos três primeiros meses do ano, o município exportou US$ 16,6 milhões a mais do que em 2021. Os dados constam no Levantamento Exportação e Importação Municípios.
Segundo o diretor regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Erly Domingues de Syllos, as indústrias de máquinas agrícolas e automotivas puxaram a alta das exportações. De acordo com Syllos, o setor de máquinas agrícolas está aquecido no Brasil e no mundo. Nesse setor destaca-se, principalmente, a CNH Industrial.
“Há, inclusive, filas para a entrega de máquinas ao setor de agronegócio, como colheitadeiras e outros equipamentos”, comentou Syllos.
Já no ramo automotivo, a maior contribuinte para o cenário positivo foi a Toyota. Para o diretor da Ciesp a ampliação da produção foi fator determinante para esse salto nas vendas, especialmente na área de motores. Syllos lembra que a unidade da empresa em Porto Feliz também está ligada à indústria de Sorocaba e um terço da sua produção de motores está sendo exportada para os Estados Unidos.
Para o diretor do Ciesp, o volume de exportações só não foi maior devido à falta de insumos. Por causa da guerra na Ucrânia, as indústrias sorocabanas têm enfrentado dificuldade para importar matérias-primas da Europa. Alguns exemplos são o aço, o alumínio e o plástico.
E a briga entre Rússia e Ucrânia não está afetando somente as exportações industriais e a importação de matéria-prima. O mundo vive um momento de incertezas e oscilações nos preços internacionais das principais commodities, principalmente as agropecuárias.
A Rússia é, atualmente, a maior produtora mundial de petróleo e gás e, nas últimas safras, se tornou a maior exportadora de trigo do mundo e importante fornecedora de alimentos para a Europa e Ásia. Na outra ponta, a Ucrânia é uma das principais fornecedoras de milho e óleo de girassol. Os dois países têm peso relevante no mercado internacional de insumos agrícolas. Com o conflito bilateral, grãos e oleaginosas em geral, influenciados pelo trigo e pelo óleo de soja, tiveram altas. As sanções econômicas impostas por diversos países ao mercado russo e algumas quedas na produção em decorrência dos efeitos climáticos, que afetaram as safras de grãos na América do Sul, em especial no Brasil, Argentina e Paraguai, podem fazer com que o mercado mundial de commodities agropecuárias experimente novas altas nos próximos meses, com reflexos nos preços domésticos.
A situação é tão grave que a presidente da Organização Mundial do Comércio (OMC), procurou o Brasil pedindo mais alimentos. A informação foi passada pelo presidente Jair Bolsonaro na abertura da 87ª Expozebu, em Uberaba-MG. “Terão mais alimentos, com toda certeza. Ano após ano, aumenta nossa produtividade, quer seja na agricultura, quer seja na pecuária”, afirmou Bolsonaro.
O problema é que para a produção de mais alimentos é necessária a chegada de fertilizantes. E boa parte deles vem da Rússia e de Belarus. Dois países que enfrentam sanções comerciais da Europa e dos Estados Unidos. O Brasil briga para que esse tipo de produto tenha a venda e o transporte liberados. E a própria OMC não tem ajudado muito na solução desse impasse.
Os dados econômicos brasileiros têm mostrado vigor. Sorocaba não é uma ilha de prosperidade. Outras regiões do País vivem situação semelhante. Com tantas oportunidades de negócio e tanta gente querendo trabalhar é triste assistir nosso crescimento ser tolhido por questões externas. O mundo precisa do que é produzido no Brasil e o Brasil precisa dos investimentos disponíveis no mundo para voltar a crescer forte.