Editorial
A revolução do 5G e a necessidade de novas leis
O 5G vai permitir o desenvolvimento de carros cada vez mais autônomos, sem motorista
O mundo espera, com ansiedade, uma nova onda de revolução tecnológica. E isso vai ser possível com o desenvolvimento do 5G, um sistema de transmissão de dados com velocidade até cem vezes superior que o atual, o 4G.
Mais do que a velocidade e a possibilidade de transmissões rápidas em alta definição, o grande salto de qualidade desta tecnologia está na chamada escala. Milhões, ou mesmo bilhões de aplicativos, de controles de máquina e de processos poderão ser rodados ao mesmo tempo, no mesmo espaço, sem perda de eficiência.
Segundo os cientistas que desenvolvem esse projeto, o 5G será mais confiável, sem o risco da conexão se perder num momento inapropriado. Isso vai possibilitar que vários objetos sejam interligados, mesmo utilizando tecnologias diferentes. É a famosa ‘internet das coisas‘, que vai permitir que objetos executem funções e troquem informações entre si sem que seja necessária nenhuma intervenção humana. E isso vale desde as indústrias de alta precisão até assuntos corriqueiros, de dentro da nossa casa. Os eletrodomésticos, por exemplo, vão ser cada vez mais inteligentes. O refrigerador vai conversar com o celular e a televisão. Juntos eles vão administrar o estoque de alimentos, emitir alertas do que está faltando e até pesquisar preços. O consumidor vai receber todas as informações apenas para autorizar a compra.
O 5G vai permitir também o desenvolvimento de carros cada vez mais autônomos, sem a necessidade de motorista. O veículo vai se guiar por uma série de informações externas captadas das antenas. Fluxo de trânsito, rotas mais acessíveis, distância de outros carros, tudo vai convergir para um computador que determina o modo de direção. O tempo que se perdia conduzindo o carro passa a ser utilizado para outras atividades.
O novo sistema pode ser usado também para orientar médicos em cirurgias e consultas à distância. Robôs seriam orientados por especialistas na hora da operação. As equipes presenciais poderão ser cada vez menores, diminuindo também o risco de contaminação do paciente. Um médico renomado não precisaria mais gastar horas de deslocamento para atender um caso. Basta fazer tudo remotamente, sem perder a qualidade do trabalho.
São muitas as possibilidades do 5G. O governo brasileiro fez sua parte. Leiloou o serviço em todas as suas faixas de abrangência. Dez empresas estão habilitadas para atuar no Brasil, cada uma dentro do seu lote e da característica de radiofrequência adquirida. Os investimentos que essa concessão deve gerar, nos próximos anos, chagam perto de R$50 bilhões. Até 2028 todo o país deve estar coberto pelo novo sistema.
O que falta agora é que estados e municípios comecem a atualizar suas legislações para que o 5G possa entrar, o quanto antes, em operação. Em reportagem publicada na edição de ontem (19) do jornal Cruzeiro do Sul um dado chama a atenção. Segundo o site da ONG Antene-se, apenas 77 municípios do Brasil já criaram legislações específicas para o tema. Sorocaba não está entre eles. E precisa correr contra o tempo para não perder o bonde da história.
Sorocaba uma cidade que se destaca no campo da pesquisa do 5G, tendo recebido até a visita do presidente da República e do ministro de Ciência e Tecnologia para conhecer seus avanços, deve ter como prioridade projetos que atualizem a legislação e garantam caminho livre para o futuro. A demora na aprovação desse arcabouço legal pode impactar e dificultar a implantação do sistema na cidade. Um projeto até foi apresentado, em novembro de 2021, na Câmara dos Vereadores, recebeu parecer favorável da Comissão de Justiça, mas até agora não foi debatido em plenário. Sorocaba precisa estar pronta para o futuro e o futuro vai passar, com certeza, pelo 5G.