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Editorial

Hábitos saudáveis na luta contra a obesidade infantil

Estamos formando uma geração que perdeu hábitos saudáveis como brincar na rua e andar de bicicleta

14 de Abril de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: Arquivo JCS)

Domingo os cristãos de todo o mundo celebram a Páscoa. A data carrega uma série de tradições religiosas mas se tornou, também, um evento comercial. Milhões de ovos de chocolate serão comprados e distribuídos para agradar desde as crianças até os adultos.

E toda vez que essa data se avizinha começa o debate sobre os exageros no consumo de chocolate e o perigo da obesidade infantil.

Em reportagem publicada na edição desta quarta-feira(13) do jornal Cruzeiro do Sul dados alarmantes foram apresentados pela World Obesity Federation.

No mundo todo, 158 milhões de crianças com idade abaixo de 5 anos estão fora do peso ideal. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que em 2025 o número de crianças obesas no planeta chegue a 75 milhões.

No Brasil, os registros do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que uma em cada grupo de três crianças, com idade entre cinco e nove anos, está acima do peso. As notificações do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional revelam que 16% das crianças brasileiras entre cinco e dez anos estão com sobrepeso; 9% com obesidade; e 5% com obesidade grave. Em relação aos adolescentes, 18% apresentam sobrepeso; 9% são obesos; e 4% têm obesidade grave.

O problema é bem maior que o simples consumo de chocolate durante as festividades da Páscoa. Estamos formando gerações que perderam hábitos saudáveis como brincar na rua, correr, andar de bicicleta, soltar pipa e tudo aquilo que consome energia. Por comodidade, é mais fácil e seguro manter as crianças se divertindo no celular e nos jogos eletrônicos. Só que essa inatividade acaba se acumulando no organismo e causa consequências sérias à saúde.

Crianças com obesidade correm riscos de desenvolver doenças nas articulações e nos ossos, diabetes e doenças cardíacas. Uma criança obesa é presa fácil para se tornar um adolescente e um adulto obeso. E esse ciclo permanente acaba se refletindo também no aspecto social e mental. As crianças obesas têm mais chance de sofrer bullying e a insatisfação com a própria imagem ou com a capacidade física podem se tornar entraves sérios na convivência entre os diversos grupos da sociedade.

Quem viveu com o sobrepeso, na infância, sabe bem o que isso significa. Na hora da escolha dos times de futebol, por exemplo, o “gordinho” sempre era preterido e ficava por último. Nas corridas de revezamento, quem estava fora de forma, nunca participava para não reduzir as chances da equipe. Nos bailinhos, encontrar um par disposto a dançar era uma tarefa árdua. São situações que marcam a vida para sempre.

O cuidado para evitar a obesidade infantil deve começar cedo, nos primeiros anos após o nascimento, com a introdução de uma dieta alimentar saudável e equilibrada. Devemos retardar, ao máximo, a introdução de alimentos ultraprocessados e industrializados na dieta de nossos filhos e netos. O acompanhamento desses hábitos alimentares mais saudáveis, com a introdução de grande variedade de frutas, verduras e legumes, deve ser perseguido em todas as faixas etárias. E é fundamental promover as atividades físicas com a máxima frequência possível.

O exercício físico deve ser um momento de comunhão entre pais e filhos, de diversão e de alegria em família. A ideia não é transformar nossas crianças em atletas de alta performance, nem de ensinarmos a competir contra tudo e contra todos, com o único objetivo de vencer. A intenção é aproximar gerações. Mostrar aos mais jovens como as brincadeiras do passado eram muito mais divertidas que o mundo virtual dos games. Ensinar que o importante é viver a vida e não assistir como vivem os outros numa telinha de celular ou de televisão.

Esse congraçamento familiar não só ajudará no combate à obesidade mas dará um sentido novo à Páscoa. Um sentido muito mais próximo daquele que nos ensina a Bíblia.