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Editorial

Água, sabendo usar, não vai faltar

Entraremos, nos próximos meses, no período mais seco do ano. Isso vai fazer com que o nível da represa volte a baixar

03 de Abril de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Represa de Itupararanga.
Represa de Itupararanga. (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO / ARQUIVO JCS (7/2/2022))

Sorocaba amanheceu, hoje, livre do racionamento de água. Depois de setenta e seis dias, a Prefeitura suspendeu o rodízio. A distribuição, para toda a cidade, começa a se normalizar a partir deste domingo. Isso só foi possível graças a elevação do nível da represa de Itupararanga. O volume de água atingiu índice próximo dos cinquenta por cento da capacidade, meta considerada suficiente pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE).

A água, em todo o mundo, tem se tornado um bem cada vez mais precioso. Possuir grandes reservatórios, bem administrados e preservados pelos gestores públicos, é um passo decisivo para garantir não só a qualidade de vida da população como, também, permitir o crescimento das cidades.

Sorocaba, neste verão, teve uma amostra do que pode acontecer se a represa de Itupararanga não receber os devidos cuidados. A situação tende a piorar ano a ano e nas próximas décadas o sacrifício de cada pode se tornar ainda maior.

O plano de racionamento da Prefeitura foi implantado com o objetivo de gerar a economia necessária para aumentar os níveis do principal reservatório usado para o abastecimento da cidade. Mas o planejamento não pode parar por aí. As medidas anunciadas durante o período de crise devem ser adotadas imediatamente.

Obras que melhorem o fluxo de água em direção à represa de Itapararanga são fundamentais. Os rios que abastecem o reservatório devem ser bem cuidados, ampliando a captação da água que vem da chuva e utilizando melhor a força das nascentes. As calhas dos rios devem ser aprofundadas num processo contínuo de desassoreamento. O sistema de distribuição da represa até a estação de tratamento e da estação de tratamento até as nossas casas deve ser diariamente revisado. Quanto menor for a perda, menor será a necessidade de se ampliar a captação de água.

Só que essas medidas, sem o apoio da população podem, ainda, ser insuficientes. Vai ser necessário um trabalho incansável de conscientização. Ações que ajudem os moradores de menor renda a investir em caixas de água e encanamentos em boas condições, e campanhas educativas que preguem o uso responsável da água, devem ser adotadas o ano todo. E todos os anos.

Além disso vai ser necessário encontrar novos locais de captação de água. Sorocaba já possui outros dois mananciais em atividade: os sistemas Castelinho/Ferraz e Ipaneminha. E já utiliza água do rio que dá nome a cidade para abastecer alguns bairros. Mas ainda é pouco. Devemos investir em estudos que permitam ampliar esse leque de opções.

Segundo o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga, a cidade não deverá mais adotar o racionamento de água em 2022 e que a colaboração do cidadão sorocabano foi fundamental para que fosse possível atravessar esse momento de crise hídrica. Vamos torcer para que isso se confirme.

Entraremos, nos próximos meses, no período mais seco do ano. As chuvas vão ficar cada vez mais esparsas e com volumes menores. Isso vai fazer com que o nível da represa volte a baixar. Até a chegada dos meses mais úmidos teremos que ficar sempre de olho na régua que mede o nível de Itupararanga. A ordem, daqui para frente, é economizar ao máximo para não entrarmos em 2023 num situação pior que a deste ano.