O mundo inteiro parou, mesmo que por alguns minutos desta terça-feira, para refletir a importância da água no nosso dia a dia. Quase tudo que fazemos, ou consumimos, depende da água, um insumo vital para a existência do homem na Terra. Só que, nem sempre, nos damos conta no mal que fazemos aos rios, mares, aos reservatórios subterrâneos e a todo tipo de manancial que ajuda a abastecer nossas cidades. Adotar práticas de consumo consciente deve ser, cada vez mais, uma rotina em nossas vidas.

Nesse quesito, a população de Sorocaba está deixando um pouco a desejar. Nosso consumo médio de água per capita passa dos 188 litros por dia, bem acima do índice nacional que é de 155 por habitante. E isso pode fazer enorme diferença no futuro da cidade, com a necessidade, cada vez mais recorrente, de medidas de racionamento e de rodízio no abastecimento de água.

Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério de Desenvolvimento Regional apontam que em 2021 o índice de perda de água na distribuição de Sorocaba está abaixo da média nacional, que é de 40,1%. O índice de perdas totais na cidade está em 36,07%. Ligeira queda na comparação com 2020. Um volume ainda grande de água que foi retirada da represa de Itupararanga, transportada até uma estação de tratamento, recebeu diversos produtos químicos para possibilitar sua distribuição e acabou ralo a fora. Um grande desperdício de recursos naturais, de trabalho e de dinheiro público. Reduzir esses índices, cada vez mais, é imperativo para o sucesso desse processo de uso consciente da água.

O uso responsável está em debate em todas as esferas governamentais de todo o mundo. Tal sua importância, que a Organização das Nações Unidas (ONU) dedicou inteiramente dois dos seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ao tema. Um descreve a importância do fornecimento de água potável e do saneamento, e outro para tratar a vida na água dos mares e oceanos. Numa análise mais profunda, todas as metas propostas pela ONU estão, de alguma forma, ligadas diretas e indiretamente a água: da produção de alimentos, ação sobre as mudanças climáticas até a proteção de ambientes aquáticos.

A água tem papel fundamental não só na produção de alimentos como também na de energia. Esse tripé: água, alimento e energia é indispensável para o bem-estar humano, a redução de pobreza e para o desenvolvimento sustentável.

A água, de uma maneira geral, não se consome em definitivo, ela é transformada em seu processo e sempre caba retornando à natureza. Viaja de norte a sul, de leste a oeste, cruzando o planeta. Isso faz com que sua preservação seja uma tarefa de todos e não de uma nação de forma isolada. Investir em programas conjuntos de limpeza de mares e rios parece ser a única saída capaz de minimizar os problemas recorrentes de escassez em várias regiões do globo.

Vale destacar também o papel da agropecuária nesse processo. Cultivar alimentos que dependam menos de água parece ser uma boa saída para controlar o uso do insumo no campo. O desafio é melhorar continuamente os sistemas de produção, poupando água e evitando o uso de produtos contaminantes.

Em outro aspecto, a água tratada distribuída nas cidades deve ser aproveitada em quase sua totalidade. Os desperdícios, combatidos. As adutoras e canos precisam ser sempre revisados para evitar vazamentos. Dentro de nossas casas, devemos fazer a nossa parte. Com atenção a torneiras e chuveiros pingando, caixas de água mal protegidas, evitar utilizar o produto como vassoura na limpeza de quintais e garagens e, sempre, economizar. Se cada um fizer a parte, teremos um suprimento cada vez mais seguro e estável de água. Garantindo a sobrevivência da espécie humana e permitindo a evolução de nossas cidades e nossos negócios. Com essa conscientização global, teremos muito a comemorar nas próximas décadas. Que as futuras gerações usem o Dia Mundial da Água como motivo de festa e de orgulho, não como um alerta de uma catástrofe sempre na iminência de nos destruir.