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Editorial

A seca ainda nos atormenta

De acordo com agência, praticamente todos os 27 municípios que compõem a Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) aparecem no mapa da seca de janeiro

27 de Fevereiro de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Represa de Itupararanga.
Represa de Itupararanga. (Crédito: Fábio Rogério (7/2/2020))

Levantamento feito pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) reforça situação que vem sendo continuamente discutida em nossa cidade e já abordada neste espaço: ainda estamos longe da possibilidade de baixar a guarda com relação à questão hídrica em Sorocaba e também na região.

De acordo com estudo da agência, que é ligada ao governo federal, praticamente todos os 27 municípios que compõem a Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) aparecem no mapa da seca de janeiro de 2022.

Chamado de “Monitor de Secas”, o último levantamento -- que é feito mensalmente -- mostra quase todo o Estado de São Paulo, incluindo as cidades da RMS, em estado de seca grave.

O monitor mostra ainda uma pequena parte do Estado com seca excepcional e seca extrema, principalmente no Norte paulista, e uma parte ainda menor, no extremo Sul de São Paulo, com seca fraca.

Segundo a ANA, o mapa pode ser considerado um “retrato” da situação de seca no último dia do mês a que ele se refere, no caso, janeiro de 2022. Com relação à RMS, o órgão informa que devido às chuvas abaixo da normalidade, houve o avanço da seca grave no sudoeste do Estado de São Paulo, o que inclui Sorocaba e os demais municípios da região. Esse monitoramento da agência ajuda a traduzir as informações disponíveis e contribui para a tomada de decisões de instituições envolvidas com o setor, além de ajudar nos quesitos previsão e alerta precoce.

Desde o segundo semestre do ano passado, algumas cidades da RMS -- Itu, Araçoiaba da Serra, Salto e Porto Feliz -- já estavam sofrendo com o problema da estiagem e tiveram que adotar medidas de restrição de consumo de água, como rodízios e racionamentos. Também em setembro de 2021, Sorocaba e mais nove cidades da região decretaram estado de alerta hídrico por conta da falta de chuvas. Em Sorocaba, o racionamento teve início no dia 17 de janeiro, como consequência da pior seca enfrentada pela represa de Itupararanga nos últimos 96 anos. O volume de água do reservatório chegou a cair para 18%.

Por conta dessa situação refletida no “Monitor de Secas”, alguns municípios da RMS mantiveram o racionamento de água, como é o caso de Sorocaba e Salto. Ambas as cidades prorrogaram recentemente a medida. Em Sorocaba, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) estendeu o racionamento, nos mesmos moldes, pelo menos até o dia 17 de março. O objetivo é atingir a meta de 50% do volume de água na represa de Itupararanga, responsável pelo abastecimento de 85% da cidade, além de mais sete cidades da RMS. De acordo com a administração municipal, caso o volume da represa atinja 50% antes do próximo dia 17, o racionamento deverá ser suspenso. Dez dias atrás, o reservatório chegou a 43% de sua capacidade. Porém, desde então as chuvas deram uma parada e o calor aumentou. Nova parcial sairá nos próximos dias.

Já em Salto, o Saae decidiu ampliar o rodízio por causa do aumento no consumo de água no município, em função das altas temperaturas dos últimos dias. Por lá, o racionamento e rodízios de água se iniciaram em meados do ano passado, devido à estiagem e aos níveis baixíssimos de água verificados no Ribeirão Piraí, que abastece 85% do município, e no Ribeirão Buru, que abastece o restante da cidade. Depois de suspender em 85% o rodízio de água no início deste mês, Salto voltou atrás após registrar aumento no consumo.

Recentemente, Itu, Araçoiaba e Porto Feliz começaram a suspender as medidas de restrição de consumo de água, mas agora também voltaram a ligar o alerta devido ao forte calor. Se lembrarmos que nas últimas semanas tivemos poucas ocorrências de chuvas e um sol forte, fica claro que o período de fartura de água ainda está longe de acontecer.