Na semana passada, sugerimos aqui neste espaço a continuidade do racionamento de água em Sorocaba. Isso porque, naquele momento, a prefeitura havia marcado uma entrevista coletiva na qual atualizaria a situação hídrica na cidade. Como a meta inicial de chegar a pelo menos 40% do nível do reservatório da represa de Itupararanga havia sido alcançada, tudo indicava que a administração municipal cogitava suspender ou, ao menos, flexibilizar o racionamento.

Contudo, o dia da coletiva chegou -- ela aconteceu ontem -- e, felizmente, prevaleceu o bom senso. Mesmo com a primeira meta atingida, a Prefeitura de Sorocaba, sabiamente, decidiu prorrogar o racionamento de água, nos mesmos moldes atuais, por pelo menos mais 28 dias. Dessa forma, o rodízio que já está em vigor em Sorocaba segue valendo.

Assim, com a manutenção do racionamento aliado às chuvas do fim do verão, muito provavelmente será possível a obtenção de uma “gordura hídrica” para a cidade e para a população.

Atualmente, Itupararanga está operando com cerca de 43% de seu volume útil. O reservatório, administrado pela CBA Alumínio, do Grupo Votorantim, é responsável pelo abastecimento de água de 85% de Sorocaba, além de outras sete cidades da região.

Segundo a prefeitura, o objetivo agora é alcançar a meta de 50% do volume de água da represa. Caso isso ocorra antes do prazo estipulado de 28 dias, o rodízio de água deverá ser automaticamente suspenso. De acordo com as autoridades, para março, o volume ideal para garantir uma reserva maior é atingir 50,24%. Esse valor daria uma tranquilidade nos próximos meses.

A decisão de manter o racionamento é acertada por vários motivos. O principal é a necessidade de seguir economizando o máximo possível de água para a população não sofrer no próximo ciclo sem chuvas. Manter o rodízio também enfatiza a importância do uso racional desse precioso recurso. Outro ponto é que o nível de 43% pode até ser considerado bom se comparado ao drama hídrico que estávamos enfrentando nos últimos meses, quando Itupararanga chegou a ficar abaixo de 18%, já no volume morto. Porém, para uma situação normal, ter 43% do nível da represa não garante a tranquilidade necessária para enfrentar uma longa estiagem.

O normal é um volume de pelo menos 60%, segundo as faixas definidas pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Oficialmente, o reservatório entra em estado de atenção quando o índice baixa dos 60%, mas fica acima de 40%. É essa a situação atual, por exemplo. Porém, a situação atual também está perto do estado de alerta (de 30% a 40%). Abaixo dele está o estado de restrição (20% a 30%). Para se ter uma ideia da gravidade em que estávamos, o nível de Itupararanga chegou a ficar abaixo disso.

Isso aconteceu pois em 2021 o Brasil passou pela pior crise hídrica dos últimos 91 anos. A crise foi anunciada em maio, mas o governo -- praticamente em todas as esferas -- afirmava estar preocupado com a situação desde outubro de 2020.

Agora, ainda de acordo com o prefeito Rodrigo Manga, Sorocaba não ocorre o risco de ficar sem água em 2022.

Portanto, parabéns aos sorocabanos que entenderam a gravidade da situação, se engajaram na campanha de economia de água e entenderam a necessidade do rodízio. Parabéns a todos aqueles que fizeram o possível para economizar água em seu dia a dia. E quem não aderiu deve aderir, até porque a possibilidade de multa para o desperdício continua existindo.