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Editorial

Um chamamento aos faltosos

Bombardeada por notícias falsas e desinformação, parcela da população não completa ciclo vacinal

08 de Fevereiro de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil)

Nas últimas semanas, programas de TV, portais, jornais e revistas têm mostrado casos de pessoas que escaparam por um triz da morte por Covid. Contraíram o vírus, desenvolveram quadros graves da doença, foram internados por longo período, muitos tiveram de ser intubados, mas felizmente acabaram escapando do desfecho fatal. Todos elas têm uma coisa em comum: não tomaram a vacina ou, quando tomaram, não completaram o ciclo vacinal.

Essas matérias vêm na esteira da onda causada pela nova variante Ômicron, muito mais transmissível do que as anteriores. A nova cepa acarretou uma explosão de novos casos, aumentou as internações e também fez subir o número de óbitos. Assim, a preocupação voltou a permear nosso dia a dia. Somado ao afrouxamento do distanciamento social e também dos cuidados sanitários, o cenário nas últimas semanas tem sido preocupante. Felizmente, há indicações de que a propagação acelerada da doença já está se arrefecendo novamente e as perspectivas já são mais animadoras para março.

Mas voltemos aos recuperados de casos graves de Covid. Eles são a prova -- viva -- dos malefícios que a desinformação -- deliberada ou não -- e o negacionismo causam em nossa sociedade.

Bombardeada por fake news (informações falsas) que normalmente se alastram pelos grupos de WhatsApp mais rapidamente do que fogo em mato seco, uma parcela considerável da população acaba sucumbindo e negando o óbvio: as vacinas ajudam a salvar as pessoas na medida em que, na grande maioria dos casos, impedem que a doença se desenvolva de forma grave.

Uma mostra de que ainda há muita gente brincando com o perigo aqui mesmo em nossa cidade ou região é que, segundo a administração municipal, o número de faltosos das vacinas contra a Covid-19 (segunda e terceira doses) em Sorocaba somava, até o final da semana passada, 228.343 pessoas. Conforme os dados oficiais, são 62.179 faltosos da segunda dose e mais 166.164 da terceira.

Os números, além de expressivos, preocupam por conta do também aumento de casos de Covid em Sorocaba. Somente na última quinta-feira (3), por exemplo, a cidade confirmou 2.526 casos da doença. De acordo com o levantamento da prefeitura, em relação aos faltosos da segunda dose, 17.507 são da Astrazeneca, 20.698 são da Coronavac e 23.974 são da Pfizer.

Um dado alarmante é que a quantidade de pessoas que não voltaram às unidades de saúde para tomar a dose de reforço, ou seja, a terceira dose -- considerada fundamental pelos médicos e especialistas --, representa mais do que o dobro de faltosos da segunda dose.

Ainda segundo a Prefeitura de Sorocaba, não é possível contabilizar a quantidade de pessoas que não tomaram nenhuma dose das vacinas contra a Covid-19 por conta da desatualização no número total de habitantes da cidade, visto que o último censo populacional não foi realizado pelo governo federal por conta da pandemia. Os últimos dados oficiais ainda são os obtidos no censo realizado em 2010.

Mas nem tudo é negativo nessa questão da vacinação. Um alento é que, embora o número de faltosos das vacinas contra a Covid ainda seja alto na cidade, Sorocaba já aplicou quase 1,5 milhão de doses dos imunizantes. Segundo a secretaria municipal da Saúde (SES), já foram aplicadas 605.071 da primeira dose, 526.272 da segunda, 272.965 da terceira e 18.035 da dose única, totalizando exatas 1.422.343 aplicações.

Portanto, que os faltosos da vacina sigam as evidências científicas e completem o quanto antes o seu ciclo vacinal. Dessa forma, estarão protegendo também os familiares e todas aquelas pessoas com as quais têm contato.