Sustentabilidade
A natureza agradece mudanças de hábito
Em Sorocaba, as embalagens de poliestireno expandido, mais conhecido como isopor, estão proibidas
Aos poucos, os consumidores começam a tomar consciência de que o planeta, nossa única morada, tem que ser melhor cuidado, com a eliminação de tudo -- ou quase tudo -- que polua e que ameace nossa saúde. A França, por exemplo, proibiu neste ano a venda de frutas e legumes em embalagens plásticas, uma medida que também poderia ser adotada aqui e em outros países.
A expansão dos orgânicos, controle de poluentes, de agrotóxicos e o fim das embalagens não recicláveis, tão danosas ao meio ambiente, são alguns dos aspectos defendidos pela sociedade moderna, seja em solo francês ou mesmo em Sorocaba.
A substituição das bandejas de isopor cobertas de celofane, tão comuns nos supermercados para embalar legumes e frutas, poderia ser de iniciativa do próprio setor, mas isso esbarra em custos mais altos, com impacto no preço final. Mas é aí que entra o Estado para determinar novas regras.
Foi assim que aconteceu na França. A indústria alimentícia teve dois anos para se adaptar ao novo modelo, reorganizando toda a cadeia de distribuição desses alimentos.
Enquanto isso, buscou-se embalagens alternativas, biodegradáveis como o papel ou papelão, substituindo o chamado plástico-filme, vilão da natureza. A lei antirresíduos francesa também proibiu a venda ou entrega de talheres e copos de plástico descartável. Entraram em cena os copos de papel estruturado, garfos e facas de madeira.
Além de campanhas publicitárias para conscientizar o público consumidor, parte fundamental para o sucesso da adoção de novos hábitos, há de se ter fiscalização, importante ferramenta para coibir infratores.
Em Sorocaba, as embalagens de poliestireno expandido, mais conhecido como isopor, estão proibidas em padarias, lanchonetes, empresas de delivery e bares há mais de um ano.
Mas parece que lei “não pegou”. Se o consumidor pedir uma comida para entrega no domicílio, vai perceber que o material poluente continua sendo utilizado na maioria dos estabelecimentos.
O poliestireno expandido é o EPS Isopor, material fabricado a partir de pequenos grânulos à base de petróleo. O produto final é composto de 98% de ar e apenas 2% da matéria-prima, mas pode sofrer mudança de densidade dependendo da necessidade de aplicação. Apesar de ser hoje reciclável, o problema é que não existe uma cadeia sustentável para recolher esse material e transformá-lo em outros produtos. Eles acabam mesmo nos lixões ou jogados em rios.
A Prefeitura de Sorocaba afirma que a legislação que proíbe essas embalagens é do governo anterior, de 2019, regulamentada em setembro de 2020, sendo a Vigilância Sanitária Municipal (Visa) a responsável pela fiscalização. No entanto, admite que não houve autuações desde então. Para o governo municipal, a lei possui vícios e deverá ser revista.
A multa prevista para o infrator é de 50 Ufesps (Unidades Fiscais do Estado de São Paulo), que equivale a R$ 1.454,50. Representantes do setor de bares e restaurantes, por sua vez, argumentam que a lei é falha e que foi direcionada a apenas um segmento.
Outra lei pouco fiscalizada é a dos canudinhos plásticos. Eles podem ser encontrados facilmente nas mesas de bares e lanchonetes. São considerados os piores tipos de plástico, pois quando dispensados de forma irregular no meio ambiente se quebram em pedaços ou partículas e vão parar nos mares e rios. A clássica imagem de uma tartaruga na Costa Rica, com um pedaço de canudo preso na narina, viralizou na internet e motivou muitas leis para proibir a venda e uso do material.
Controvérsias à parte, a questão é que cada um tem que fazer o que lhe cabe para que haja uma evolução na maneira como nos comportamos como consumidores frente aos desafios. E sempre há resistência em mudanças bruscas de hábito, desde que o mundo é mundo.