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Editorial

Hora de planejar a volta por cima

O números são extremamente favoráveis à economia de Sorocaba. Porém (...) por mais resistente que seja a estrutura produtiva, não é imune aos percalços externos

19 de Dezembro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: Pedro Negrão / Arquivo JCS (22/12/2015))

Se fosse um país, Sorocaba estaria no topo do ranking mundial do desenvolvimento econômico, superando com folga os índices de crescimento alcançados pelos campeões China e Índia e vencendo de lavada potências tradicionais, incluindo Estados Unidos e todos os integrantes da União Europeia -- em conjunto ou separados. Essa é uma das conclusões notáveis que se pode inferir numa rápida avaliação dos dados referentes ao Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios brasileiros em 2019 -- corrigidos e divulgados nesta sexta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) -- e de simples comparações com estudos do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre o mesmo período.

Vale destacar que essa distinção sorocabana é digna de celebração. Seus efeitos extrapolam a retórica acadêmica, podendo ser medidos no dia a dia das empresas e dos cidadãos. Afinal de contas, as cifras embutidas no PIB constituem a maneira mais comum de medir o desenvolvimento de um país, de um Estado, de uma região ou de um município. Na prática, ele representa a soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços finais produzidos num espaço geográfico durante um determinado período. Seu principal objetivo é medir a atividade econômica e o nível de riqueza. De maneira simplificada, pode-se dizer que quanto mais se produz, mais se está consumindo, investindo e vendendo. Se o PIB cresce, significa que a economia vai bem e produz mais. Na contramão, PIB em queda representa atividade encolhendo.

Voltando aos números de 2019, conforme o IBGE, o PIB sorocabano no último ano pré-pandemia do novo coronavírus cresceu 6,4% na comparação com 2018. Ou seja, o resultado das atividades da indústria, comércio, prestação de serviços, construção civil do município, entre outras, subiu de R$ 35.008.761.056,00 para R$ 37.283.417.564,00. Em valores absolutos, Sorocaba é o 24º município mais rico do País -- embora seja o 31º em população --, sendo superado apenas por 11 capitais e 10 cidades com número de habitantes mais elevados. Outro dado que chama a atenção: embora sejam menos de 0,32% da população brasileira, os sorocabanos contribuem com cerca de 0,5% das riquezas geradas em todo o território nacional.

Um cálculo elementar revela que a taxa de incremento da riqueza municipal no período considerado corresponde a mais de cinco vezes a média apurada em todo o Brasil, que ficou em 1,2%. O desempenho do setor produtivo de Sorocaba como um todo superou inclusive o do Estado de São Paulo, onde o conjunto dos 645 municípios registrou evolução positiva de 1,7% -- quase quatro vezes menos. Ampliando a escala comparativa para o âmbito internacional obtém-se uma noção ainda mais acurada da relevância da proeza dos setores produtivos sorocabanos. Dados do FMI permitem a formulação de um ranking hipotético com a inclusão de Sorocaba entre os países com a mais elevadas taxas de crescimento econômico em 2019. O índice de 6,4% ante 2018 alcançado pelo município supera até o crescimento obtido por chineses e indianos -- ambos com 6,1% -- e as taxas dos EUA (2,4%), Espanha (2,2%), Canadá (1,5%), França e Reino Unido (1,2%) e Japão (0,9%). Vale lembrar que o PIB de toda a Zona do Euro aumentou 1,2% no mesmo período.

Mais expressivo do que a evolução positiva do índice que mede a atividade econômica em um período de tantas incertezas é o aumento do PIB per capta do sorocabano. No município, o valor -- resultado da divisão do produto interno bruto pelo número de habitantes -- subiu 5,19%, passando de R$ 54.328,00 em 2018 para R$ 57.233,00 no ano seguinte. O Estado de São Paulo também registrou aumento, em proporção bem abaixo dos valores de Sorocaba: o PIB per capta paulista subiu de R$ 50.248,00 para R$ 52.992,00. Já o PIB por brasileiro calculado em 2019 ficou em míseros R$ 35.161,70.

Não é necessário ser expert em economia para deduzir desses números uma equação extremamente favorável à economia de Sorocaba. Porém, o bom senso nos obriga a lembrar que todo esse quadro é anterior à crise mundial sem precedentes provocada pela Covid-19. Lamentavelmente, por mais resistente, diversificada e sólida que seja a estrutura produtiva do município, ela não é totalmente imune aos percalços externos. Não podemos esquecer dos revezes enfrentados em 2009 e 2016 por razões bem mais simples. Assim como todos os países padeceram e continuam padecendo, certamente resultarão sequelas a serem curadas na economia sorocabana. Independentemente do que os PIBs de 2020 e de 2021 nos reservam, é possível antecipar uma certeza: Sorocaba possui plenas condições de superar e dar a volta por cima mais uma vez. O caminho passa, obrigatoriamente, pela proatividade. Isso inclui planejamento, união de esforços, foco e, claro, políticas públicas para atrair ainda mais investimentos. Então, mãos à obra!