Buscar no Cruzeiro

Buscar

Editorial

A volta da várzea, um patrimônio local

A Taça Manchester Paulista tende a abrir caminho para a retomada plena da várzea em Sorocaba. Manterá viva, assim, uma paixão que remonta ao século passado

18 de Novembro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: Fábio Rogério (16/11/2021))

A pandemia que assolou o mundo no início de 2020 afetou todas as atividades. Uma delas envolvia um dos patrimônios imateriais de Sorocaba: o futebol de várzea da região.

Por 18 meses, os gritos das torcidas e as jogadas dos atletas deram lugar às incertezas sobre o novo coronavírus nos centros esportivos e campos de futebol amador da cidade. Agora, finalmente chegou a hora da retomada. E não haveria melhor forma de fazê-la senão pela divisão mais democrática da várzea: a Taça Manchester Paulista, correspondente à quarta divisão do campeonato municipal de futebol, que realizou anteontem o seu congresso técnico na sede da Fundação Ubaldino do Amaral (FUA) e irá realizar a primeira rodada no dia 28 de novembro.

Nascida em 2019 para desburocratizar o ingresso de novas equipes no Varzeano e desafogar a segunda e terceira divisões -- respectivamente, Taça Palácio dos Tropeiros e Taça Baltazar Fernandes --, a Taça Manchester tem por princípio oferecer oportunidade a todos os que desejam praticar o futebol na cidade. Sem distinções. Por isso, a única exigência da Secretaria de Esportes (Semes), organizadora das disputas, para a admissibilidade na competição é que os clubes tenham um estatuto social.

Lançada em 2019, a Taça Manchester Paulista consagrou como seu primeiro campeão o Unidos de São Guilherme, com o Corinthinha do Éden como vice. No ano passado, por conta da pandemia, o torneio teve de ser suspenso nas oitavas de final e todas as 16 equipes acabaram sendo agraciadas com o acesso.

Em sua terceira edição, a Taça Manchester 21/22 será disputada por 48 clubes. Entre eles, alguns tradicionais, como o Olaria FC, de Brigadeiro Tobias, fundado em 1950 e que reinicia um longo caminho até a Taça Cidade de Sorocaba após ter sido excluído da elite do Varzeano por decisão do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD), em 2018. Juventus da Vila Barão, Ferroviária da Vila Progresso e o folclórico Gregório Leme, que “empresta” o nome do seu fundador, também carregam muita história e prometem bons jogos contra novatos que querem mostrar serviço. Impossível não observar, também, que o Da Linha Para Baixo e o Barsemlona poderiam disputar um troféu à parte -- de nome mais criativo da divisão.

A próxima edição da Taça Manchester aponta para um futuro em que o esporte voltará a fazer parte do cotidiano do sorocabano, com segurança garantida para a prática das atividades coletivas, e tende a abrir caminho para a retomada plena da várzea, que tem outras três divisões no Varzeano e duas do Veterano. Manterá viva, assim, uma paixão que remonta ao século passado, quando a então Liga Sorocabana de Futebol realizou o primeiro Campeonato Amador de Sorocaba, em 1921 -- substituído pelo Varzeano a partir de 1967.

Deve-se lembrar que, muito antes de se profissionalizarem para a disputa das divisões intermediárias do Campeonato Paulista, equipes como São Bento, Estrada FC e Clube Atlético Votorantim (CAV) mostravam seu futebol no Amador. Este último, campeão em 1947, tinha em suas fileiras simplesmente o maior jogador de futebol que a cidade já viu atuar: Ângelo Rômulo Rêmulo Lava, o Mickey, depois atleta do São Bento por muitos anos.

Por essas razões, o jornal Cruzeiro do Sul se orgulha de apoiar a retomada do esporte local e, com uma cobertura multiplataforma, estará junto com atletas e torcedores na Taça Manchester Paulista, nos Jogos Abertos do Interior -- que terão sede na cidade -- e em todas as outras principais competições esportivas que vêm por aí.