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Lembranças

Dia de Finados bastante especial

Durante a pandemia, protocolos sanitários impediram cerimônias fúnebres e despedidas

02 de Novembro de 2021 às 00:24
Cruzeiro do Sul [email protected]
No Brasil, o Dia de Finados faz parte de um costume católico
No Brasil, o Dia de Finados faz parte de um costume católico (Crédito: Fábio Rogério )

O Dia de Finados, também conhecido como Dia dos Mortos ou simplesmente Finados, é um feriado religioso, dedicado a orações e homenagens aos que já faleceram. Aliás, a palavra “finados” significa exatamente isso, algo que finou, findou, acabou ou morreu.

No Brasil, o Dia de Finados faz parte de um costume católico e consiste em visitar as sepulturas dos entes queridos. Muitos enfeitam os túmulos com flores. As pessoas também acendem velas e rezam por eles no cemitério ou em templos religiosos.

Em outros países, há diferentes costumes. No México, por exemplo, as pessoas também comemoram, mas de forma mais festiva. As celebrações duram três dias e as pessoas zombam da morte enfeitando as ruas e organizando desfiles.

De forma geral, os mexicanos acreditam que as almas dos que já se foram visitam seus parentes nessa data e é costume também haver altares decorados dentro de casa. Eles os enfeitam com flores, caveiras de papel machê, retratos das pessoas mortas e pequenas oferendas.

Na Espanha, costuma-se comer um doce chamado ossos dos santos, feito de marzipã com recheio de doce de ovos. A data não se restringe ao catolicismo. No Japão, em 15 de agosto os japoneses retornam às casas onde os antepassados viveram.

As celebrações duram três dias, com comidas especiais e danças. Na Guatemala, há pratos típicos feitos somente neste dia. Os guatemaltecos mantêm a tradição de soltar pipas gigantes próximas aos túmulos.

Na Índia, o chamado Pitru Paksha compreende 16 dias lunares no calendário hindu e presta homenagem aos ancestrais por meio de ofertas de alimentos. O culto é feito para honrar sete gerações passadas. Enfim, há uma infinidade de comemorações.

A origem do Dia de Finados remete ao século II, quando os cristãos começaram a rezar pelos falecidos e a visitar os túmulos deles. O costume foi sendo introduzido aos poucos pela Igreja Católica, pregando que os vivos devem interceder pelas almas que estão no purgatório esperando a purificação.

No século V, já era costume dedicar um dia do ano para rezar por todos os mortos, especialmente pelos quais não tinham família e ninguém se lembrava de pedir por suas almas. Mas, a escolha do dia 2 de novembro como a data oficial do Dia de Finados só foi feita no século XIII. Os responsáveis pela Igreja escolheram o dia por suceder o Dia de Todos os Santos, comemorado em 1º de novembro.

Se normalmente a data já carrega uma enorme dose de emoção, tristeza e saudade, o Dia de Finados a ser celebrado hoje em todo o Brasil promete ser especial. O grande motivo é o contexto atual. Praticamente nos últimos dois anos o mundo viveu um período muito difícil por conta da pandemia do novo coronavírus.

Foram quase 24 meses de preocupação, ansiedade, temor e expectativa. E também meses de muita tristeza para aqueles que perderam entes queridos, familiares, amigos ou conhecidos. Somente no Brasil, de acordo com os dados oficiais, foram mais de 600 mil vidas perdidas para esse traiçoeiro vírus.

Mesmo entre os milhões que sobreviveram, dificilmente existe alguém que não tenha sido afetado pela pandemia. A forma como tudo aconteceu foi muito cruel. Amigos, familiares e conhecidos partiram de forma inesperada, absolutamente abrupta. Em um dia estavam aqui, em nosso convívio, compartilhando momentos e risadas. Em outro já estavam doentes, internados, intubados. Foi tudo rápido e muito doloroso.

E não foram apenas a perda das vidas que afetaram familiares e amigos. Devido à natureza da doença, por conta dos protocolos sanitários, não houve sequer a chance de uma despedida formal, com a qual estamos acostumados. Para impedir a contaminação, a pandemia impossibilitou a realização das cerimônias fúnebres.
Além de perder entes queridos, não pudemos nem nos despedir deles de forma minimamente apropriada. Não houve nem como se consolar. Não houve nada, apenas a morte, o vazio, a desesperança, a tristeza.

Portanto, agora que a pandemia recuou, esse Finados pode ser a chance para muitas pessoas darem um adeus mais próximo, para transmitirem iluminação a seus entes querido e receberem a paz que tanto necessitam e merecem. Um dia com um misto de tristeza e esperança.