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Editorial

A importância do diálogo

Caso trágico ocorrido em Votorantim reacende debate sobre a falta de diálogo entre pais e filhos

29 de Outubro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: Divulgação Internet)

Um caso trágico e triste, ocorrido na região de Sorocaba, ganhou destaque no noticiário nacional nas últimas 48 horas. Na tentativa de interromper uma gravidez indesejada, uma jovem de apenas 20 anos acabou morrendo na última terça (26), em Votorantim, após a ingestão de medicamento abortivo.

O episódio chocou a população e expôs alguns sérios problemas. Um deles, por exemplo, é a facilidade de acesso que as pessoas têm a medicamentos suspeitos ou que podem representar riscos. O remédio usado pela jovem havia sido adquirido pela internet, por exemplo. Evidentemente que esse tipo de comercialização deveria ter uma fiscalização eficaz e muito mais rígida.

Um outro ponto que chamou a atenção foi algo recorrente e comum em muitas famílias: a falta de diálogo ou de liberdade em torno de determinados assuntos.

No caso em questão, o casal de namorados não compartilhou a gravidez com nenhum dos pais. Para piorar, de acordo com o boletim de ocorrência divulgado pela Polícia Civil, a jovem teria pedido ajuda ao namorado para contar aos pais sobre os efeitos colaterais que estava sentindo após tomar a medicação, mas o medo devido ao assunto fez o rapaz demovê-la da ideia de pedir ajuda. O namorado pediu para que ela não contasse nada pois o casal temia que a família descobrisse sobre a gravidez e a tentativa de aborto. Ou seja, uma tragédia em todos os sentidos.

Em muitos lares mundo afora essa falta de diálogo familiar é comum. Essa situação entre pais e filhos é histórica, existe há muito tempo. Antigamente, era comum que os mais velhos não falassem, em casa, nada sobre sexo, gravidez, métodos preventivos, drogas ou outros assuntos delicados com os filhos.

Mas engana-se quem pensa que trata-se de algo superado na sociedade moderna. Pelo contrário, infelizmente. Nos dias de hoje, em que vivemos a era do “compartilhar”, num mundo que muitas vezes valoriza mais a quantidade de “seguidores” do que a formação, a essência e o caráter das pessoas, a imersão na vida digital aumentou ainda mais a distância real entre os humanos.

Essa tragédia em Votorantim mostra, mais uma vez, a importância da abertura de diálogo entre pais e filhos, sejam adolescentes ou jovens adultos, sobretudo em relação a assuntos que ainda são considerados tabus, como sexo, drogas e gravidez, entre outros.

Os psicólogos são unânimes em afirmar que, quanto maior a comunicação entre pais e filhos sobre todos os assuntos, muito melhor é a busca por uma solução para o problema.

É importante lembrar que os adolescentes são curiosos por natureza, ainda mais em relação a assuntos considerados tabus. Portanto, é natural que queiram saber sobre determinados temas. Assim, se puderem falar abertamente com os pais ou familiares em casa sobre esses assuntos, é o ideal. Dessa maneira vão estar mais seguros e não vão buscar informações com pessoas ou em locais desconhecidos.

Lembrando sempre a questão da idade adequada, é fundamental que os pais deem aos filhos abertura para eles perguntarem e falarem sobre os assuntos que desejarem ou que queiram tirar suas dúvidas. Dessa forma, os filhos poderão receber a orientação mais adequada para cada situação. Afinal, os jovens e adolescentes que não possuem essa liberdade em casa vão buscar informações ou respostas para as suas dúvidas com outras pessoas ou em outros lugares, como a internet. E o resultado disso é que o jovem pode não receber a informação mais correta ou adequada à sua dúvida ou situação.