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Editorial

Chuvas ajudam, mas ainda falta muito

Apesar das chuvas em Sorocaba e região nos últimos dias, crise hídrica ainda inspira cuidados. Nível dos reservatórios do País está, na média, em 24,5% da capacidade

27 de Outubro de 2021 às 00:01
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Represa de Itupararanga.
Represa de Itupararanga. (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (25/10/2021))

As chuvas que, felizmente, voltaram a cair sobre parte do território nacional, principalmente no interior do Estado de São Paulo, trouxeram certo alívio na batalha contra a dura estiagem que vinha assolando a região nos últimos meses. A água e a umidade melhoraram bastante a qualidade do ar, contribuindo também no combate às queimadas que teimam em destruir campos e matas. A chuva também ajudou a aumentar o nível de alguns reservatórios -- ou ao menos frear a diminuição.

No cenário nacional, o nível dos reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste -- as mais afetadas pela maior crise hídrica dos últimos 91 anos -- voltou a subir. De acordo com levantamento do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), até a última sexta-feira (22), a alta no mês era de 0,9%.

Segundo a ONS, os reservatórios de Sudeste e Centro-Oeste atingiram, em média, 17,6% da capacidade. A região Sul teve alta de 15,2%, atingindo média de 43,8% da capacidade. As regiões Norte e Nordeste registraram queda e operam com 50,3% e 36,6%, respectivamente. Ao todo, o nível dos reservatórios do País está em 24,5%.

Como consequência das chuvas e de outras medidas implantadas para conter a crise -- como diminuição da vazão de água em diversas represas --, o operador nacional estima que o subsistema Sudeste/Centro-Oeste termine o mês de outubro com 17,8% da sua capacidade. Já a previsão para a região Sul é de 44,3%. Assim, as chuvas das últimas semanas dão um pequeno respiro para o sistema elétrico.

Já no âmbito local, apesar da melhora, o cenário ainda é de muita atenção. Apesar do considerável volume de chuvas em Sorocaba nos últimos dias, especialmente na madrugada de sábado para domingo, a precipitação fez pouca diferença justamente na represa de Itupararanga, disparada a maior responsável pelo abastecimento da cidade, com cerca de 85% do total. De sexta (22) a segunda-feira (25), por exemplo, houve aumento de 0,25 pontos porcentuais do volume útil do reservatório. Em três dias, o nível subiu de 21,61% para 21,86%. É pouco? Sim, mas o mais importante é que a queda não apenas foi estancada como, de acordo com a Votorantim Energia, o nível tem se elevado gradativamente.

Nas demais represas usadas para o abastecimento de Sorocaba, a situação é diferente e bem mais animadora, com o aumento considerável em seus volumes registrado nos últimos dias. Por exemplo, em 24 de agosto, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Sorocaba (Saae) informava que o Sistema Castelinho/Ferraz operava com 45% da capacidade total. Anteontem, o índice era de 75%. Já o sistema Ipaneminha teve aumento de 55% para 90% nos últimos dias.

De todo modo, ainda que Sorocaba não esteja na mesma situação de cidades como Itu e Salto, entre outras, que já enfrentam racionamento no abastecimento, a questão hídrica ainda inspira bastante cuidado. Portanto, todos os agentes envolvidos nesse processo, como órgãos públicos, empresas privadas e população precisam seguir conscientes do problema, promovendo o máximo de economia de água possível, para tentar evitar racionamento ou até desabastecimento.

Trata-se de uma batalha que precisa ser vencida em todos os fronts. Ela começa nos pequenos e aparentemente insignificantes “embates”, como fechar as torneiras durante a escovação dos dentes, na hora de aparar a barba ou durante os banhos. Outras recomendações são evitar banhos demorados, evitar lavar calçadas e carros com mangueira, utilizar a capacidade máxima de máquinas de lavar roupas, preparar a louça antes de lavá-la e ficar atento a possíveis vazamentos. E a “guerra” segue nas maiores batalhas, com ações institucionais entre governo -- nas três esferas --, órgãos públicos e empresas que são grandes consumidoras de água. Juntos, todos precisam encontrar alternativas e medidas de redução do consumo de água. Afinal, estamos todos nesse mesmo barco.