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Editorial

População de olho no meio ambiente

Corte de árvores adultas na avenida Armando Pannunzio para obras do BRT e morte de peixes no lago do Parque Kasato Maru mobilizaram muitos munícipes

26 de Outubro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: FÁBIO ROGÉRIO )

A semana começou, em Sorocaba, com munícipes reclamando de dois casos envolvendo o meio ambiente na cidade.

O primeiro episódio teve como cenário a parte final da avenida Armando Pannunzio. Muita gente que passou pela região notou e reclamou do corte de diversas árvores ao longo da avenida. Nos últimos dias, a prefeitura cortou ao menos 14 árvores do canteiro central da via para a continuidade das obras do BRT para transporte coletivo urbano.

As imagens de árvores adultas cortadas sem dó nem piedade são impactantes. O Cruzeiro do Sul recebeu diversas mensagens de munícipes incomodados com o ocorrido. Algumas imagens e desabafos foram parar nas redes sociais e viralizaram.

Trata-se de uma questão bastante sensível. Primeiramente é preciso deixar claro que o corte está estritamente dentro da lei. A retirada das árvores foi avalizada em 2019, segundo autorização ambiental, e prevê o corte de até 261 unidades somente nesse trecho para a implantação do corredor Oeste do BRT. A administração municipal também informou que, do total de 466 cortes autorizados em 2019 nos três corredores do BRT --- Avenida Itavuvu, Avenida Ipanema e Avenida Armando Pannunzio/Avenida General Carneiro --, até agora 178 árvores precisaram ser retiradas. Ou seja, o número de cortes ainda é, felizmente, bem menor do que o autorizado.

Além disso, conforme a Política Municipal do Meio Ambiente (Lei Municipal nº 10.060/2012), para casos como esse existe a compensação ambiental, um instrumento que visa à reparação e/ou à diminuição do dano ambiental. Para exemplificar isso, a autorização de 2019 tem uma compensação ambiental de plantio de 2.397 árvores em áreas públicas.

Contudo, como serão cortadas menos árvores do que o autorizado, segundo o BRT, somente após a confirmação do número total de árvores suprimidas é que a Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade (Sema) determinará a quantidade que deverá ser reposta, assim como, os locais onde serão plantadas ao final do projeto. Mesmo biólogos ouvidos pelo Cruzeiro do Sul afirmam que a arborização urbana está sujeita a esse tipo de intervenção por conta de novas obras, e que isso é feito dentro da lei.

Contudo, por mais que o BRT trate a questão com a seriedade e a sensibilidade que ela merece, é interessante notar alguns pontos. O primeiro é a postura de parte da população. Muita gente se sentiu impactada com as árvores cortadas e se manifestou. Isso é positivo pois revela preocupação, além de uma educação ambiental que não existia anos atrás. É muito importante que as pessoas se sensibilizem e não achem que cortar árvores adultas seja algo normal.

Outro ponto diz respeito às obras e empresas que acabam “causando” os cortes. Por mais que a ação esteja respaldada pela lei, por mais que haja uma futura compensação ambiental, por mais que sejam tomados todos os cuidados para cortar apenas em caso de extrema necessidade, ainda assim o retrato das árvores em pedaços atinge a imagem da empresa ou da obra envolvida. É inevitável e todas as partes envolvidas precisam estar conscientes para tentar evitar ao máximo o corte e o desgaste.

Já no segundo caso envolvendo meio ambiente na cidade, um escape de esgoto no Parque Kasato Maru causou a morte de diversos peixes, além de forte odor no entorno. Para piorar, com a mortandade de peixes, muitos urubus foram atraídos ao local. Não era raro um pedestre se deparar com urubus comendo peixes à beira da água, numa cena repugnante. O episódio também rendeu reclamações de munícipes. Segundo o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), os reparos foram feitos no sábado. O órgão informa que seguirá acompanhando e fazendo o monitoramento do lago para evitar novos incidentes. Felizmente, a população também.