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Editorial

Cadê a indignação contra a invasão?

Depredação da sede da Aprosoja mostra condescendência com vândalos e desconhecimento dos benefícios do agronegócio para o País

19 de Outubro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: Reprodução / Facebook)

Um caso ocorrido na última quinta-feira (14) causou espanto. A sede da Associação Brasileira de Produtores de Soja (Aprosoja), em Brasília, foi vandalizada. Os invasores -- munidos de ferramentas para cortar metais -- arrombaram o portão e depredaram o local. Com cerca de 100 pessoas, a turma pintou e bordou na propriedade alheia: pichou o imóvel, por fora e por dentro, quebrou vidros, espalhou lixo e estendeu faixas com palavras de ordem. Os alvos principais eram o agronegócio e o presidente Jair Bolsonaro.

A ação, que durou cerca de 20 minutos, foi devidamente filmada pelos vândalos e postada nas redes sociais como “troféu”. As cenas viralizaram. O grupo Via Campesina Brasil, que se apresenta como “um movimento que coordena organizações camponesas de pequenos e médios agricultores”, assumiu a autoria do ato e declarou que a ação teve a participação de movimentos sociais, principalmente do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Segundo a Via Campesina, o ato denuncia “o protagonismo que o agronegócio cumpre no crescimento da fome, da miséria e no aumento do preço dos alimentos no Brasil’’.

Além de criminosa, a ação demonstra enorme “desinteligência” -- para não usarmos outra palavra. Afinal, não é novidade para ninguém o sucesso da agropecuária brasileira. O setor possui excelentes indicadores econômicos e sociais, com enorme geração de novas vagas de trabalho nos últimos 10 anos. Dentro do agro, o cultivo de soja se destaca como uma brilhante história de sucesso econômico. A safra deste ano, por exemplo, será superior a 140 milhões de toneladas, o que faz do Brasil o maior produtor de soja do planeta, com quase 40% de toda a produção mundial. Isso significa que o Brasil exerce uma posição-chave na produção de alimentos para toda a humanidade.

Em 2021, pelo sétimo ano consecutivo, a soja vai ser o principal produto de exportação do País, com mais de US$ 35 bilhões. Trata-se de uma injeção de divisas essencial para o bem-estar dos 200 milhões de brasileiros, algo que ajuda a economia brasileira a funcionar com um mínimo de normalidade e livre de crises nas suas contas externas. Ou seja, a soja brasileira é solução, não é problema. É um raro exemplo brasileiro de algo que deu e dá muito certo.

O negócio da soja brasileira só não é bom para quem gosta mais de depredar do que de construir e trabalhar. É o caso da turba que invadiu a propriedade privada em Brasília.

Curiosamente, porém, o ato criminoso cometido pela Via Campesina e pelo MST foi minimizado por parte dos analistas e, principalmente, por aquela turminha de sempre que se alvoroça nas redes sociais em defesa de causas “progressistas” e da “democracia”. Pelo jeito, para essas pessoas, invadir propriedade alheia é normal. Tomara que os motivos não sejam políticos e ideológicos, afinal, a Aprosoja se viu envolvida nos movimentos realizados no dia 7 de Setembro. O presidente da associação, Antônio Galvan, foi alvo de um mandado de busca e apreensão expedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, acusado de financiar atos contra a corte no Dia da Independência. Galvan acabou proibido de se aproximar da Praça dos Três Poderes, em Brasília. Seria interessante saber se alguns órgãos públicos e o Judiciário vão tratar a invasão da Aprosoja com o mesmo rigor com que tratam determinadas manifestações e manifestantes.

Ou será que vão dizer que nesse caso é “direito de expressão”?! Que a gangue de malfeitores que cometeu os delitos na Aprosoja seja identificada, e seus componentes, punidos. Que a Justiça tome as medidas punitivas dentro da lei, independentemente da cor de camisa dos vândalos.