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Editorial

Bom exemplo de cultura vacinal

Ao ultrapassar 150 milhões de vacinados com ao menos uma dose, e superar porcentualmente os EUA e outros países, Brasil mostra guinada positiva contra a Covid

16 de Outubro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil)

Em menos de um ano, a vacinação contra a Covid no Brasil deu uma guinada de 180 graus.

Após demorar para começar -- primeira pessoa foi vacinada em janeiro -- e sofrer com lentidão nos dois primeiros meses -- quando cerca de 300 mil doses eram aplicadas por dia --, o Brasil engatou a quinta marcha e hoje desfruta de situação completamente diferente.

Nove meses depois do início da vacinação por aqui, o País acaba de ultrapassar a marca de 150 milhões de habitantes que já tomaram a primeira dose. O dado fornecido pelo Ministério da Saúde equivale a mais de 70% da população (estimada em 213 milhões). Para se ter ideia da grandeza deste feito, com tal índice o Brasil superou porcentualmente a vacinação nos Estados Unidos, conforme contagem oficial do Centers for Disease Control and Prevention, a agência nacional de saúde dos EUA. Enquanto o Brasil tem 70% da população vacinada com ao menos a primeira dose, nos EUA esse índice é de 65,6%. O levantamento utiliza dados de até anteontem (14).

Ou seja, mesmo na comparação com a maior potência mundial, o Brasil faz bonito. É algo que merece elogios a todos os envolvidos: as três esferas de governo, Legislativo, Sistema Único de Saúde (SUS), voluntários, profissionais de saúde e a população. Sim, a população também merece os parabéns. Parte dos méritos pelas altas taxas de vacinação vai para a vontade do brasileiro de tomar a vacina. Afinal, é preciso querer ser imunizado.

Vejam o exemplo americano. Apesar de terem sido um dos primeiros países a oferecer a vacina em larga escala à população, os EUA não conseguem ampliar a taxa de imunizados. Mesmo com a vacina disponível a todos acima de 12 anos, só 64,6% dos americanos aceitam recebê-la. O motivo? O movimento antivacina ainda é forte entre os americanos. Já no Brasil, mais de 95% da população quer se vacinar.

Além dos EUA, a Alemanha também já foi ultrapassada pelo Brasil na porcentagem de vacinados com uma dose e o Reino Unido deve ficar para trás em breve. Países como Suíça, Áustria, Grécia, Hungria e Polônia também aplicaram a primeira dose menos que o Brasil. Esses países têm disponibilidade muito maior de vacinas e começaram a vacinar primeiro, em dezembro do ano passado. Israel chegou a ser exemplo de vacinação, exibindo uma das taxas mais altas do mundo. Agora, vê a campanha de imunização travar e está tecnicamente empatada com o Brasil, com 70,44% da população vacinada com uma dose.

São vários os motivos para o Brasil ter atingido tal situação. Primeiramente, o País possui um Programa Nacional de Imunizações de ótimo nível, com capilaridade, possibilitando chegar a lugares distantes e remotos. O PNI é referência internacional e possui uma tradição de vacinação já consolidada na população.

Outro ponto positivo é que, como as taxas de vacinação são uniformes no Brasil, não há grandes disparidades entre cidades ou Estados diferentes. Dessa forma, é mais fácil atingir o estágio de imunidade de rebanho, quando pelo menos 70% da população deverá estar totalmente vacinada. No caso dessa imunização completa, o cenário ainda é outro. Da população brasileira, 101 milhões completaram o ciclo vacinal para combater a doença -- o que corresponde a 47,5%. Entre os americanos, a proporção atual é de 56,6%. Já no caso de Israel, sobe para 64,73%.

Atualmente, no Brasil, só não se vacina quem não quer. E mesmo que alguém, por algum motivo, não queira se imunizar, deveria fazê-lo pelo bem comum. Vacinação não é um ato de prevenção solitária, é para a proteção das pessoas em geral, da família, dos amigos, da comunidade. E esse sentimento da população querer se vacinar é importante e precisa continuar. Afinal, não sabemos como será o futuro da Covid, se serão necessárias vacinações anuais ou qual será o procedimento para o enfrentamento do coronavírus daqui para a frente. Portanto, a mensagem é uma só: vacine-se!