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Editorial

Prevaleceu o bom senso

Prefeito Rodrigo Manga, corretamente, abortou a ideia de construir a nova rodoviária em um bairro como Santa Rosália

14 de Outubro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: Fábio Rogério (13/10/2021))

A primeira informação chegou na terça-feira, quando o vereador João Donizeti (PSDB), líder do governo na Câmara, antecipou, em entrevista ao Jornal da Cruzeiro, da Cruzeiro FM 92,3, que a Prefeitura de Sorocaba havia desistido da intenção de construir a nova rodoviária da cidade no bairro Santa Rosália. Ontem veio a confirmação. Também em entrevista à rádio Cruzeiro FM 92,3, o prefeito Rodrigo Manga afirmou que “decidiu suspender, temporariamente, a construção da nova rodoviária” no citado bairro.

Por mais que Manga faça um malabarismo verbal, usando a expressão “suspensão temporária”, a verdade é que, felizmente, não haverá rodoviária no tradicional bairro residencial. Não é nem que Manga tenha perdido o braço de ferro com os moradores de Santa Rosália, é que o prefeito, corretamente, não quer ter de enfrentar o desgaste de forçar uma situação complexa e cuja ideia sofre forte rejeição. O próprio Manga reconheceu isso ao afirmar que seu “governo é baseado no diálogo e que não pretende fazer nada que seja contra a vontade popular”.

A novela em que se transformou o projeto da nova rodoviária em Santa Rosália teve início em agosto. Um dos motivos alardeados para a escolha do local é que a área, na avenida Dom Aguirre, é de fácil acesso para a rodovia SP-75, mais conhecida como Castelinho, uma das principais -- senão a principal -- porta de entrada e saída da cidade.

De lá para cá foram vários capítulos sobre o tema. E praticamente todos eles giravam em torno de atos e manifestações contra a instalação da novidade no bairro. Em setembro, por exemplo, muitos moradores de Santa Rosália afixaram faixas nos portões das residências para protestar contra a possibilidade da nova rodoviária ser em um terreno na avenida Dom Aguirre onde, atualmente, funciona o Circo Portugal. Faixas com os dizeres “Rodoviária não” espocaram pelas ruas e foram parar na mídia e nas redes sociais.

No último dia 5, o projeto foi apresentado a uma comissão de moradores do bairro. A maioria dos participantes do encontro ouvidos pelo jornal Cruzeiro do Sul manteve a posição e se mostrou contra o novo empreendimento no local. Um dia depois também foi realizada uma audiência pública para tratar da questão na Câmara de Sorocaba. O objetivo era debater com a população os prós e contras do projeto, e analisar os impactos da construção do novo espaço, como as alterações no entorno, trânsito e mobilidade e questões ambientais.

Na verdade, nem é preciso muitas análises e estudos para perceber que construir uma rodoviária -- e tudo o que ela representa -- em um local primordialmente residencial não é a melhor das ideias. Por mais que se tente mudar o cenário, em cidades grandes -- como é o caso de Sorocaba -- elas acabam atraindo uma série de situações que acabam deteriorando seu entorno. Sejam andarilhos, ambulantes, pedintes, golpistas ou outros tipos de atividade suspeita. Mesmo com o prefeito prometendo uma estrutura moderna, “com ares de aeroporto”, a maioria das pessoas não queria a instalação da rodoviária na região.

Além disso, segundo a Prefeitura e os próprios moradores, seriam necessárias algumas desapropriações, já que a nova estrutura iria ocupar uma área de cerca de 55 mil metros quadrados, com áreas de convivência e lazer, lojas, além de conexão com outras modalidades e sistema de transporte, incluindo o urbano, intermunicipal e por aplicativo.

No caso de Santa Rosália, felizmente tudo isso ficou somente no condicional pois, realmente, a ideia foi engavetada. Manga até já solicitou à Urbes -- Trânsito e Transportes novos estudos e análises técnicas de outras localidades capazes de receber a nova rodoviária. Assim que isso acontecer a discussão sobre o local será reiniciada. A ideia do atual governo ainda é concluir a obra até 2024. Em breve, novos capítulos dessa novela.