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Editorial

Contra os furtos de placas de metal

É necessário uma força-tarefa para encontrar soluções contra os furtos de placas, brasões e todo tipo de metal -- até tampas de bueiro -- que seguem ocorrendo na cidade

13 de Outubro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Placa foi furtada na madrugada de quarta-feira (6).
Placa foi furtada na madrugada de quarta-feira (6). (Crédito: Divulgação )

Dias atrás, o busto de Allan Kardec, localizado na praça Marcelino Rusalen Netto, no centro de Sorocaba, amanheceu violado. Duas placas de metal, usadas para identificar o homenageado e que ficavam na base do busto, desapareceram. As peças foram surrupiadas. Trata-se de mais um furto de objetos desse tipo, uma ocorrência que infelizmente já se tornou rotineira na cidade.

Na madrugada do último dia 6, por exemplo, uma placa de bronze com a inscrição “Sorocaba Club”, que estava fixada na fachada do centenário clube, igualmente localizado na região central da cidade, também foi furtada. Embora o clube tenha sistema de câmeras de segurança, devido ao ângulo do equipamento, não foi possível impedir nem visualizar o autor do delito, ocorrido durante a madrugada. Além da placa, o ladrão ainda levou o “1”, que formava o número 113, da localização do clube na rua. De acordo com o presidente do Sorocaba Club, Benedito Maciel de Oliveira Filho, foi a primeira vez que isso aconteceu no imóvel em toda a sua história. Contudo, em diversas regiões, principalmente no Centro, tal situação já se tornou comum. Não é de hoje que Sorocaba vem sendo alvo de depredações por parte de ladrões que visam peças de metal. A bandidagem não perdoa nada, furtando desde tampas de bueiros, cabos, peças ferroviárias a objetos de monumentos históricos. O problema existe faz tempo, mas parece ter piorado ultimamente. Em 2015, por exemplo, o brasão que ficava na base da estátua do militar português Baltasar (as grafias Baltazar e Balthazar também são usadas) Fernandes, fundador da cidade, já havia sido recolocado após ter sido furtado e encontrado pela Guarda Civil Municipal (GCM). Porém, a recolocação não durou muito tempo e o brasão foi novamente levado pelos criminosos. Não satisfeitos, mais recentemente os vândalos também furtaram a espada da estátua de Baltasar, localizada no Largo de São Bento. Em vários desses casos, além de cometerem um crime, os bandidos estragam a história local. A estátua em homenagem a Baltasar Fernandes, por exemplo, possui importância histórica. Foi instalada em 15 de agosto de 1954, em comemoração ao terceiro centenário da fundação de Sorocaba. A estátua é obra do escultor Ernesto Biancalana e todas as peças de bronze presentes na base da escultura são -- ou eram -- originais. A punição para quem for pego praticando ato de vandalismo está descrita no Artigo 163, parágrafo único, Inciso III do Código Penal, com pena de detenção de um mês a até três anos ou multa, a depender do local da violação (se é patrimônio histórico). Mas isso não tem sido suficiente para frear essa prática danosa.

Diante da frequência de furtos desse tipo de objeto, é necessário uma força-tarefa das autoridades para inibir e coibir tais ações criminosas. É preciso atuar em várias frentes, como prevenção, segurança e, sobretudo, punição. Diversas ações podem e devem ser tomadas. Na questão da segurança, a Guarda Civil Municipal poderia ter alguma rotina especial e focada nessa proteção, por exemplo. Afinal, na essência, quando foi criada, a GCM tinha tal função.

A Prefeitura aposta bastante na criação e utilização do Centro de Operações Integradas (COI), sistema que unificará as informações coletadas por videomonitoramento, que serão compartilhadas com todas as forças de segurança pública do município. Para isso, serão utilizados equipamentos e sistemas analíticos e integrados, compostos de sensores perimetrais externos, sensores internos, softwares e câmeras nos espaços públicos da cidade.

Porém, muito provavelmente, o foco principal das autoridades e da polícia deveriam ser os receptadores. São eles que fazem girar a roda de furtos desse tipo. Vale lembrar que quem compra material de bronze ou cobre furtado ou roubado pode responder pelo crime de receptação. Deveria ser montado um plano de ação para vigiar e vistoriar possíveis negócios que funcionam como receptadores desses tipos de metais.

Cabe a todas as autoridades, de políticos às forças de segurança, voltarem sua atenção a fim de buscarem soluções para colocar um ponto final nesse problema.