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Editorial

Jogos Abertos em Sorocaba: simbólico

A 84ª edição, em Sorocaba, é a retomada das atividades esportivas e a concretização de um sonho que não pôde ser realizado em 2017

06 de Outubro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Ginásio Municipal de Esportes Dr. Gualberto Moreira.
Ginásio Municipal de Esportes Dr. Gualberto Moreira. (Crédito: Fábio Rogério / Arquivo JCS (9/9/2015))

Após 68 anos, Sorocaba voltará a receber, em 2022, os Jogos Abertos do Interior (JAI), considerado o mais tradicional torneio amador poliesportivo do Brasil. O torneio foi disputado na cidade em 1938, 1943, 1950 e 1954 -- quando Sorocaba sagrou-se vice-campeã. Com o status de uma “Olimpíada Caipira”, a competição movimenta mais de 15 mil atletas na disputa de 27 modalidades, incluindo provas para Atletas com Deficiência (ACD).

Realizados anualmente pela Secretaria de Esportes do Estado em parceria com um município anfitrião, os Jogos foram criados pelo jornalista esportivo e ex-jogador de basquete Horácio Baby Barioni com o objetivo de estimular a prática esportiva entre a população de todas as cidades paulistas.

A primeira edição foi em 1936, na cidade de Monte Alto, interior de São Paulo. De lá para cá, além de democratizar o acesso ao esporte, os JAI também têm ajudado a descobrir e formar novos talentos nas diversas modalidades em disputa -- que, não raro, chegam a representar o País nas seleções.

Anésio Argenton (ciclista), Nelson Prudêncio (atletismo), Tetsuo Okamoto (natação) e Wlamir Marques (bicampeão mundial de basquete) são os primeiros de uma longa lista que reúne ainda Maureen Maggi, Claudinei Quirino, Jadel Gregório e Fabiana Murer (atletismo), Hugo Hoyama e Hugo Calderano (tênis de mesa), William, Montanaro, Amauri, Serginho, Vera Mossa, André Heller e Ricardinho (vôlei), Rogério Sampaio, Edinanci Silva, Luiz Onmura, Carlos Honorato e Tiago Camilo (judô), Paula e Hortência (basquete), Gustavo Borges e Nicholas Santos (natação), Natália Falavigna e Diogo Silva (taekwondo), Diego Hypólito, Arthur Zanetti e Daniele Hypólito (ginástica), entre outros.

Para os atletas, essa caminhada começa antes mesmo dos JAI: nos Jogos Regionais, seletivas realizadas em oito regiões esportivas do Estado. Cada uma escolhe um município-sede no ano e encaminha os melhores nomes para a competição estadual. Para os municípios, as candidaturas significam um impulso à economia e ao turismo, além de proporcionarem um legado permanente em estrutura para a prática esportiva.

Um exemplo disso é o Ginásio Municipal de Esportes Dr. Gualberto Moreira (GME), hoje um símbolo da Vila Hortência, na zona leste da cidade. O que pouca gente talvez saiba é que ele foi construído em 1950 para que Sorocaba sediasse a 15ª edição dos Jogos Abertos do Interior.

A importância da competição fez com que o prefeito na época, Gualberto Moreira, encomendasse o projeto ao engenheiro Ícaro de Castro Mello, o mesmo que concebeu o Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.

Desta vez, não será necessária a construção de um ginásio, já que, além do Ginásio Municipal, a cidade conta com sete centros esportivos, o Centro Inclusivo Aluísio de Almeida (Ciel), o Estádio Municipal Walter Ribeiro (CIC), os ginásios do Éden e do Nilton Torres, bem como a Arena Sorocaba.

Algumas dessas estruturas podem -- e devem -- ser beneficiadas pelas competições, sendo elegíveis para melhorias (como a troca do piso da quadra do GME) que permanecerão para uso dos esportistas sorocabanos quando os JAI acabarem.

Desde o seu início, os Jogos Abertos foram interrompidos apenas duas vezes na história: em 1973, pelo surto de meningite, e em 2020/21, por conta da pandemia da Covid-19.

A retomada, com a 84ª edição sediada justamente em Sorocaba, é duplamente simbólica: por representar o sentimento de reinício da prática esportiva a partir do controle da pandemia, além de concretizar um sonho que não pôde ser realizado em 2017, quando a administração Antonio Carlos Pannunzio (PSDB) precisou declinar de sediar a competição por causa da grave crise econômica que o município atravessava.