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Editorial

Prédio do Fórum Velho merece boa solução

Colocado à venda pelo Governo do Estado, prédio onde funcionava Oficina Cultural Grande Otelo é uma construção histórica, que merece ser preservada para ser visitada e apreciada

12 de Setembro de 2021 às 00:01
Da Redação [email protected]
Prédio do Fórum Velho é conhecido como Oficina Cultural Grande Otelo
Prédio do Fórum Velho é conhecido como Oficina Cultural Grande Otelo (Crédito: Emidio Marques)

Uma das coisas que precisam ser feitas a quatro mãos entre Prefeitura de Sorocaba e Governo do Estado de São Paulo é encontrar uma solução para o Fórum Velho da cidade. Isso porque o governo estadual anunciou a venda do prédio. O edital foi publicado no Diário Oficial e os lances devem ser feitos pela internet. O Fórum Velho aparece na lista como o item 25, de um total de 26, que deverão ser negociados.

O imóvel consiste de um terreno de 2 mil metros quadrados, com área construída de 1.509 m². Localizado na praça Frei Baraúna, no centro de Sorocaba, foi avaliado em R$ 1,72 milhão, com base em um laudo feito em novembro de 2020. A sessão de venda está prevista para o dia 27 de outubro.

Trata-se de um prédio histórico e quase centenário. Teve sua construção iniciada em 1937, com inauguração em 1946. Serviu como Fórum até o início da década de 1970 -- em sua fachada, por exemplo, ainda tem grifada em latim a palavra “forvm”.

O local, onde já funcionou por um bom tempo a Oficina Cultural Regional Grande Otelo, é tombado pelo Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico de Sorocaba (CMDP) desde 2012. O processo ocorreu após 15 anos de espera. Em 2018, o imóvel também foi tombado pelo Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat).

Contudo, em 2014, ainda quando funcionava como Oficina Grande Otelo, o prédio foi fechado para reforma, mas a obra foi interrompida meses depois e não foi retomada. Segundo o governo estadual, as obras do imóvel foram paralisadas após o surgimento e a ampliação de trincas e fissuras nas paredes.

Por diversas vezes, o processo de restauração apareceu na lista de obras atrasadas do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP). Em agosto de 2018, em conjunto com a Prefeitura de Sorocaba, a Associação Comercial de Sorocaba (Acso) pediu a cessão de imóvel ao Estado. O pedido foi reiterado pela Acso em fevereiro de 2019, mas não prosperou. Em agosto daquele ano, matéria do Cruzeiro do Sul mostrava, mais uma vez, o estado de abandono do local. Logo em seguida a Prefeitura de Sorocaba chegou a pedir ao Estado a concessão do prédio. A iniciativa foi em vão.

Em janeiro de 2021, após uma ação do Ministério Público, a prefeitura e o Governo do Estado de São Paulo foram condenados pelo Tribunal de Justiça a adotar medidas de proteção, preservação e restauração do prédio. Eles receberam prazo de 20 dias para promoverem tais ações.

Agora, com a colocação do prédio à venda, a Prefeitura de Sorocaba diz estudar uma saída para a questão. Uma das possibilidades seria a compra do imóvel pelo município, algo muito bem vindo pelos munícipes. Na manhã de ontem, um grupo de artistas protestou contra a venda do prédio. Eles promoveram um abraço simbólico, que foi organizado pelo Fórum Permanente de Culturas de Sorocaba. O grupo defende que ocorra o cancelamento do processo de venda do imóvel, e que ele seja reformado e volte a receber público, em especial para ações culturais.

E voltando ao início deste editorial, por que é preciso encontrar uma saída? Pois trata-se de uma construção histórica, importante, que merece ser preservada para ser visitada e apreciada, independentemente de seu uso. Evidentemente que uma função cultural seria a mais indicada. Além de toda a história que carrega, é um prédio imponente, com colunas romanas e características modernistas. Que se encontre um caminho para passar o prédio para o município, e a partir daí restaurá-lo e conservá-lo. A população certamente ficaria grata.