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Editorial

Dia terminou melhor do que começou

Diminuição do tom e sinalização de trégua entre os Poderes acalmam mercado e favorecem retomada da economia do País

10 de Setembro de 2021 às 01:07
Cruzeiro do Sul [email protected]
Bolsonaro reconheceu discursos acima do tom nos atos de terça-feira
Bolsonaro reconheceu discursos acima do tom nos atos de terça-feira (Crédito: MAURO PIMENTEL / AFP (1/9/2021))

Depois de um marcante 7 de Setembro e um day after agitado, a quinta-feira foi de fortes emoções para os brasileiros, sobretudo nas questões político-econômicas que envolvem o País.

Assim como na véspera, o dia começou tenso, com as incertezas sobre as manifestações de caminhoneiros que tiveram início e ganharam corpo na noite de quarta-feira.

A indefinição sobre o que poderia acontecer chegou até a provocar temor de desabastecimento. Devido à velocidade das redes sociais, que espalham informações mais rapidamente do que fogo com vento em mato seco, aconteceu até um princípio de pânico em algumas cidades e regiões.

Isso acabou resultando numa corrida aos postos por parte de uma parcela da população. E como todos sabem, um dos maiores inimigos do desabastecimento é o pânico.

Ele causa uma corrida atípica que acaba acarretando falta de produto mesmo que não tenha havido alteração no abastecimento.

Felizmente, a maior parte dos protestos que ocorriam em estradas de alguns Estados chegou ao fim após uma mensagem do presidente Jair Bolsonaro pedindo a desmobilização do movimento em favor da economia do País.

Mesmo com a situação envolvendo os caminhoneiros praticamente solucionada, o clima generalizado de incertezas ainda assustava. Um dos reflexos pôde ser visto no mercado. A Bolsa de Valores registrava forte queda ao longo do dia, o dólar fazia caminho inverso, com alta, e a apreensão era grande.

Foi quando entrou em ação a figura do ex-presidente Michel Temer. Chamado a atuar para apaziguar a tensão, Temer conseguiu convencer o presidente a recuar.

O resultado foi um comunicado oficial no qual Bolsonaro reconheceu discursos acima do tom nos atos de terça-feira e sinalizou uma trégua com os outros Poderes, especialmente com o Supremo Tribunal Federal.

É importante lembrar: Temer foi quem indicou Alexandre de Moraes para o STF. O ex-presidente teria, inclusive, conseguido que Bolsonaro e Moraes conversassem ao telefone para aparar um pouco as afiadas arestas.

A consequência desse movimento foi imediata. O mercado reagiu rapidamente, com queda do dólar e subida inédita da Bolsa, a ponto de terminar o dia em alta de 1,72%. Tudo estava negativo antes da carta ser divulgada.

Apesar de muita chiadeira, reclamação, provocação e ameaça dos militantes de todos os lados do espectro político, o importante é que o tom conciliador colocou água na fervura.

O clima tenso e pesado que pairava no ar deu uma desanuviada, ficou rapidamente mais ameno. Houve um certo alívio entre todos.

Afinal, as tensões -- ainda mais do jeito que andam -- somente atrapalham a retomada do País. No final das contas, quem sofre com a piora da economia são sempre os mais pobres.

Tudo o que não precisamos nesse momento tão específico que vivemos, ainda sob uma sombra da pandemia e com uma crise hídrica que se avizinha, é uma ruptura política ainda maior. E para que isso não ocorra é necessário haver um mínimo de harmonia entre os Poderes.

O momento é de tentar recuperar a economia, os empregos, baixar o preço dos alimentos, controlar a inflação e a pandemia. É hora de se trabalhar nessa direção, e não de gastar energia em conflitos intermináveis e inócuos. É hora de todos esquecerem as eleições de 2022 e trabalharem neste 2021 em busca da recuperação do País.

Evidentemente, é preciso analisar tudo com calma e serenidade. Porém, uma coisa é certa, o dia de ontem terminou muito melhor do que começou.