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Editorial

Patriotismo saudável é bom

Sem valores, não há educação, respeito, ordem nem justiça. O mais importante, porém, é querer o bem para o País. Não cabe mais a postura do "quanto pior, melhor"

05 de Setembro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Bandeira do Brasil hasteada no Distrito Federal. Crédito da foto:  Isac Nóbrega/PR (3/7/2019)
Bandeira do Brasil hasteada no Distrito Federal. Crédito da foto: Isac Nóbrega/PR (3/7/2019) (Crédito: Bandeira do Brasil hasteada no Distrito Federal. Crédito da foto: Isac Nóbrega/PR (3/7/2019))

A partir de hoje e durante sete dias, o jornal Cruzeiro do Sul trará na capa uma tarja verde-amarelo em comemoração à Semana da Pátria, quando é celebrada a Independência do Brasil, em 7 de setembro.

Engana-se quem acha que patriotismo é uma ideologia. Patriotismo é o sentimento de amor à pátria, aos seus símbolos nacionais, à sua história, riquezas naturais e ao patrimônio material e imaterial. Ser patriota é querer o bem de seu país e de sua gente, por meio de um conjunto de atitudes ou ações.

Durante muito tempo, o termo esteve ligado à ideia de soberania territorial. Contudo, hoje em dia, ele é redefinido por uma visão muito mais abrangente.

Apesar de muitas vezes serem usados como sinônimos, patriotismo e nacionalismo são coisas distintas. O segundo pode ser considerado uma ideologia -- que inclusive pode levar as pessoas a se tornarem patriotas. Ser um nacionalista não implica algum ponto de vista político particular, à exceção de ver a nação como um princípio organizado fundamentalmente na política. Agora, ser um patriota implica fazer algo de bom pelo seu país, sua cultura ou nação.

Há diferentes tipos de patriotismo, diferentes pessoas que são patriotas, e diferentes maneiras de mostrar esse sentimento.

O mais importante, porém, é querer o bem para o seu país. Cá entre nós, já temos problemas suficientes para ainda termos de lidar com a postura do “quanto pior, melhor”, com gente torcendo contra. Na polarização política em que nos encontramos -- e que infelizmente impregnou todos os segmentos da sociedade --, muita gente pensa assim.

Pensar assim é pensar contra o Brasil e contra os brasileiros. Para se ter ideia de como a polarização é abjeta, chegamos ao cúmulo das pessoas torcerem a favor ou contra determinados atletas brasileiros que estavam na Olimpíada de Tóquio simplesmente por conta de uma eventual orientação política. O pior é que isso está em todo lugar. Fulano adora a comida de um restaurante, mas não come lá pois acredita que o dono votou em seu desafeto. Ou o contrário. Aquele cantor é péssimo, mas como é da minha turminha política, então eu o elogio. Daqui a pouco, antes de admirar Mozart será preciso saber o que ele pensava, em quem votou etc.

As manifestações de 7 de setembro estão aí. Que sejam pacíficas, respeitosas e tranquilas. Seguindo esses preceitos, qualquer manifestação popular, seja a favor ou contra qualquer governo, pode ocorrer. Manifestação popular pacífica e ordeira é legítima. Quaisquer atos fora disso são ilegais e inaceitáveis.

Nos últimos tempos, o Brasil vem enfrentando um temerário processo de extinção do sentimento patriótico. Isso também é reflexo e resultado da destruição e da ausência de valores. De forma geral, não há educação, respeito, ordem nem justiça.

O fenômeno pode ser visto na corrupção espalhada por todos os cantos, em políticos desonestos, na ausência de leis rígidas que possam ser determinadas e cumpridas, em uma Justiça encastelada, atada a códigos defasados e à mercê de manobras jurídicas, em órgãos públicos que viraram negócios privados, palanque eleitoral ou cabide de empregos, e em muitos outros exemplos. Há uma falência moral e ética generalizada. Falência na política, na educação, na segurança, na Justiça, falência geral da sociedade. O Brasil segue sendo aquele país dos que querem levar vantagem, se dar bem, custe o que custar. É a república da Lei de Gérson. Não se valoriza a meritocracia, a educação, o conhecimento. Assim, é preciso restabelecer os conceitos mais básicos sobre os valores que identificam a nação, a pátria, a soberania e a cidadania, para, então, identificar o que há de errado em nosso País.