Buscar no Cruzeiro

Buscar

Editorial

Vencemos batalhas, mas a guerra continua

Com 16 casos da variante Delta confirmados em Sorocaba, cidade e região precisam ficar alertas para não permitirem o cenário que ocorre no Rio

28 de Agosto de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Variante Delta do SARS-CoV-2 foi identificada na Índia em outubro de 2020
Variante Delta do SARS-CoV-2 foi identificada na Índia em outubro de 2020 (Crédito: Agência Brasil)

Por mais que a vacinação siga em ritmo forte no Brasil e a situação da pandemia de Covid tenha melhorado consideravelmente, todo cuidado é pouco em relação a essa traiçoeira doença. Ainda mais agora, quando acabam de ser confirmados 16 casos da variante Delta em Sorocaba. A notificação à prefeitura local foi feita ontem pelo Grupo de Vigilância Epidemiológica (GVE) do Estado de São Paulo.

Identificada na Índia em outubro de 2020, a variante Delta do SARS-CoV-2 foi oficialmente detectada pela primeira vez no Estado de São Paulo no início de julho deste ano. Até agora, em todo o Brasil, já foram registrados mais de 700 casos dessa variante, espalhados por 14 Estados e também no Distrito Federal.

O que demanda alerta e atenção especial com a Delta é seu potencial de transmissibilidade, maior do que o observado em outras variantes do novo coronavírus. No caso dela, cada indivíduo infectado pode transmitir o vírus para outras quatro a sete pessoas, ou seja, ela é 50% a 100% mais transmissível do que as demais cepas. Por esse motivo, a Delta é a principal responsável pelo aumento do número de casos de Covid, inclusive em países onde a pandemia parecia controlada, como Israel e Reino Unido.

Aqui no Brasil, o Rio de Janeiro se tornou o epicentro da variante. A Delta é a responsável direta pelo aumento do número de casos no Estado e na capital fluminense. O impacto foi tão grande que a Prefeitura do Rio decidiu adiar o plano gradual de flexibilização das medidas restritivas.

O plano original de retomada previa que, já a partir de 2 de setembro, estariam liberados os eventos públicos em locais abertos e a presença de 50% da lotação em estádios de futebol, boates, danceterias e casas de shows. Em outubro, pretendia-se autorizar 100% da capacidade e, em novembro, desobrigar o uso de máscaras.

Agora, devido à Delta, a reabertura não tem data para entrar em vigor. Praticamente todos os hospitais que tratam de Covid no Estado fluminense têm apresentado aumento vertiginoso de atendimento. Houve uma subida expressiva no número de casos e internações.

A taxa de ocupação de leitos UTI na cidade do Rio subiu para 92% e no Estado está em 71%. Nos últimos dias, o principal hospital de Covid na capital fluminense enfrentou até filas de ambulâncias.

A boa notícia é que a Delta ainda não demonstra impacto nos indicadores da Covid-19 em São Paulo, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde.

Independentemente disso, a situação vivida no Rio de Janeiro precisa servir de alerta e espelho para que não tenhamos o mesmo cenário em nosso Estado nem em nossa cidade.

Segundo a Prefeitura de Sorocaba, os casos identificados da sublinhagem dessa variante na cidade são na faixa entre 19 e 69 anos, sendo 11 mulheres e cinco homens. Felizmente, nenhum caso evoluiu a óbito e, de acordo com o órgão, não estão mais na fase de transmissibilidade.

No Brasil, a variante dominante ainda é a Gama (P.1, amazônica). De acordo com o boletim epidemiológico da Rede de Alerta das Variantes do SARS-CoV-2, coordenada pelo Butantan, no Estado de São Paulo a Gama é responsável por 89,82% dos casos, seguida da P.1.2 (4,22%), da Alfa (B.1.1.7, britânica) e, em quarto lugar, da Delta, com 0,54%.

Ainda de acordo com o governo estadual, estudo feito por pesquisadores do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da província de Cantão (Guangdong), na China, mostra que a Coronavac evita em 100% o desenvolvimento de casos graves de Covid-19 causados pela variante Delta e tem eficácia de 69,5% contra pneumonias decorrentes da doença.

Portanto, a população sorocabana e das demais cidades da Região Metropolitana precisa seguir com os cuidados sanitários básicos, como uso de máscaras e álcool em gel. Que as aglomerações sejam contidas e ocorram apenas em casos de necessidade. Nesses quase dois anos já perdemos e vencemos diversas batalhas contra a Covid, mas a guerra ainda continua. Só poderemos baixar a guarda quando o cenário estiver completamente solucionado.