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Editorial

Atenção total com as queimadas

Desde janeiro, já são 2.243 queimadas registradas no Estado de São Paulo

24 de Agosto de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Área de mata sofrendo uma queimada
Área de mata sofrendo uma queimada (Crédito: PEDRO HENRIQUE NEGRÃO / ARQUIVO JCS)

A população de vários bairros de Sorocaba e de cidades da Região Metropolitana como Votorantim, Itu, Salto de Pirapora, Pilar do Sul, Ibiúna, Iperó e Araçoiaba de Serra, entre outras, foi surpreendida anteontem à tarde. Um apagão geral deixou essas localidades sem energia elétrica por cerca de uma hora. Segundo a CPFL Energia, o problema foi ocasionado por uma falha na linha de transmissão da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CEETP).

Mesmo sem confirmação, o apagão pode ter sido causado por queimadas. Vídeos e relatos nesse sentido circularam nas redes. Independentemente disso, as queimadas já são, no momento, grande fonte de preocupação. Favorecidas pelo tempo seco com calor e baixa umidade, elas se espalham pelo interior paulista.

Na semana passada, por exemplo, em um período de 24 horas, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) detectou 248 focos em todo o Estado. Desde janeiro, já são 2.243 queimadas, número só superado, nos últimos cinco anos, pelos 2.362 focos registrados em 2020.

Com umidade do ar abaixo de 30%, várias cidades do interior de São Paulo amanheceram ontem cobertas por uma cortina de fumaça. Levada pelo vento, a fuligem atingiu casas e zonas centrais. A situação tem sido tão preocupante que alguns municípios, como na zona rural de Ribeirão Preto, decretaram estado de calamidade pública. A crítica condição atingiu até mesmo a Grande São Paulo, que no domingo registrou precipitação de fuligem. Isso porque tem sido grande a quantidade de fumaça que atua no Estado. Imagens de satélite dos últimos dias indicam a presença de muitos pontos com densa fumaça na atmosfera. Ao contrário do sul do Brasil que está recebendo fumaça do Paraguai, Argentina, Bolívia e do Centro-Oeste e da Amazônia -- devido às correntes de vento que se deslocam pelo interior do continente --, a fumaça que pairou na Grande São Paulo é de origem local por conta do enorme número de queimadas no interior.

É grande a quantidade de fumaça e fuligem pela queima de biomassa, que está no momento sobre o Estado de São Paulo. Uma vez que os focos de incêndio estão na própria região, acaba ocorrendo a precipitação de fuligem.

Quem também está sofrendo com essa estiagem são as lavouras. Primeiramente elas foram afetadas pelo forte inverno devido às geadas de julho. Agora, seguem sofrendo, mas com as queimadas. Esse cenário eleva ainda mais os prejuízos de alguns agricultores. A estiagem prolongada e severa deixa o solo e a vegetação secos, agravando demais o risco de fogo.

A fumaça das queimadas também leva perigo para as rodovias. Na semana passada, por exemplo, a Raposo Tavares (SP-270), que liga São Paulo ao Mato Grosso do Sul, precisou ser interditada no km 530, em Martinópolis, por causa da fumaça de um incêndio que atingiu a mata. As duas pistas ficaram totalmente bloqueadas pela Polícia Rodoviária Estadual por mais de três horas. Em Araçatuba, uma queimada em plantação de eucaliptos fez o trânsito fluir em comboio na rodovia Marechal Rondon (SP-300). Também na semana passada a fumaça encobria pontos da rodovia Castelo Branco, sobretudo entre o km 60, em Mairinque, e o km 33, em Jandira, causando redução da visibilidade. Motoristas que trafegam na via relatam presenciar constantemente queimadas, até com labaredas próximas do asfalto.

Ou seja, as queimadas estão mais fortes e perigosas do que nunca. É preciso um alerta ainda maior da população e das autoridades para tentar evitá-las. Há que se redobrar os cuidados, coibir queimadas de lixo, monitorar de perto situações de risco e agir para apagar os focos que surgirem.