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Editorial

Um Dia dos Pais mais promissor

Um ano depois do pior Dia dos Pais desde 2007 por conta da pandemia, data comemorativa é aposta para consolidação da retomada do comércio

06 de Agosto de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
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Considerada a quarta data comemorativa mais importante para o comércio varejista brasileiro, o Dia dos Pais que será comemorado no domingo pode ser um divisor de águas para o setor.

No ano passado, quando o varejo ainda experimentava o início do processo de flexibilização das medidas restritivas de combate à primeira onda da pandemia, as vendas caíram 11,3% e geraram o menor volume financeiro (R$ 5,3 bilhões) desde 2007, que foi de R$ 4,9 bilhões. Ou seja, do ponto de vista econômico, o Dia dos Pais de 2020 foi o pior em mais de uma década.

Agora, 12 meses depois e finalmente em um cenário mais favorável em relação aos efeitos do novo coronavírus, a data pode representar a retomada do comércio, tão afetado em todo o planeta por conta da pandemia.

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), por exemplo, estima um volume de vendas de R$ 6,03 bilhões, o que seria o maior faturamento desde 2018, com alta de 13,9% em comparação ao Dia dos Pais de 2020. São vários os motivos para otimismo. Além de a doença ter dado uma trégua, sobretudo pelo avanço da vacinação, já existem várias regiões e cidades brasileiras autorizando o funcionamento do comércio a pleno vapor. E tal situação seria ainda melhor se a inflação, puxada por itens específicos, não estivesse em alta, o que acaba afetando tanto o preço como o crédito, freando um crescimento mais acelerado.

Em relação ao comércio, no setor de vestuário a expectativa é grande. Afinal, foi um dos que mais passaram dificuldades com a Covid. Além do recrudescimento geral da economia, as roupas deixaram de ser algo primordial em um cenário de trabalho home office, proibição de eventos e restrições de mobilidade. Por que iríamos nos preocupar com roupa se o principal era a saúde e nem podíamos sair de casa? Agora, com medidas de relaxamento gradual, a tendência é de aquecimento nas vendas.

A projeção da CNC é que as lojas que vendem roupas faturem em torno de R$ 2,43 bilhões, ou o equivalente a 40,2% do total estimado para este ano, seguindo-se os ramos de utilidades domésticas e eletroeletrônicos (R$ 1,24 bilhão) e perfumaria e cosméticos (R$ 0,86 bilhão).

Outro movimento a ser considerado é a desaceleração das vendas on-line. Após ser “descoberto” na pandemia, o comércio digital virou febre, com alta de 47% somente de janeiro a maio deste ano, de acordo com a Receita Federal. A partir de agora, a tendência é que a prática de compras on-line não apresente crescimento tão acentuado como o observado desde o início da pandemia ou até se mantenha estável. De forma progressiva, as pessoas estão tendo a possibilidade de sair de casa para fazer compras presencialmente.

É justamente nisso -- vendas presenciais -- que os shopping centers se apoiam. Com as restrições à circulação de pessoas, este é um setor que sofreu bastante e está lutando para se recuperar. Caso a pandemia continue arrefecendo e não tenhamos alterações significativas com a perigosa chegada de novas variantes como a delta, a tendência, daqui para a frente, é haver uma situação mais equilibrada entre o consumo presencial e o consumo on-line. E isso serve não apenas para o Dia dos Pais como também nas demais datas comemorativas neste ano.

Vale lembrar que a melhora do comércio não pode ser atribuída única e exclusivamente às datas comemorativas. Ele já vem recuperando o nível de vendas pré-pandemia, principalmente desde março, com a diminuição da segunda onda da Covid. De acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o faturamento real do varejo já estava 3,9% acima do volume observado às vésperas da pandemia (fevereiro de 2020) e 1,1% maior do que em agosto do ano passado. Outro facilitador é que desde abril, a circulação de pessoas no comércio cresceu 39%, o que ajudou o setor a manter a tendência de recuperação. Isso deve continuar até o fim do ano, caso não haja nenhum recuo na crise sanitária.
Portanto, um feliz Dia dos Pais a todos, com saúde física, emocional e também econômica.