Editorial
Pandemia: enfim um certo alento
Com bom ritmo da vacinação, pela primeira vez no ano, a taxa de internações em UTIs Covid no Estado de São Paulo está abaixo de 50%
Demorou, custou muitas vidas e sofrimento. Mas felizmente parece que a pandemia -- ou pelo menos as formas mais graves da doença -- está arrefecendo aqui no Brasil. Os dados dos últimos dias são alentadores. Pela primeira vez no ano, a taxa de internações em UTIs Covid no Estado de São Paulo está abaixo de 50%.
Na segunda (2), foi registrado o menor índice de 2021 de ocupação de UTIs destinadas ao tratamento de pacientes com o novo coronavírus, com 49,2%. Considerando só a Grande São Paulo, o porcentual cai para 45,2%.
Os números nos trazem alívio, sobretudo diante do que passamos, com o sistema de saúde muitas vezes à beira de um colapso. Para dar uma ideia da mudança de cenário, no pior momento da pandemia no Estado, durante a segunda onda, a lotação das UTIs Covid superou 92%.
Em muitos hospitais e unidades de saúde, bateu 100%. No pico da segunda onda, municípios chegaram a registrar mortes de pacientes à espera de um leito, diante da sobrecarga dos hospitais. A escassez de sedativos também pressionou o sistema ao longo do primeiro semestre.
Felizmente, Sorocaba também vem acompanhando o panorama estadual. As internações de moradores da cidade por conta do coronavírus caíram 72,6% em 52 dias, na comparação entre o pico de internações e os dados consolidados de anteontem. Outro ponto bem positivo é que o levantamento mantém a tendência de queda das últimas três semanas.
Conforme boletim de terça-feira da Secretaria Municipal de Saúde, 132 pessoas estavam internadas em suas unidades, sendo 68 em UTI. Esse número é o menor desde 3 de março. Nas últimas semanas, Sorocaba não apresenta fila de espera para leitos, nem de UTI e nem de enfermaria. A mesma situação ocorre para as ocupações. No momento, todas as unidades de saúde possuem vagas disponíveis.
A queda na ocupação de leitos e a melhoria de diversos índices são reflexo das estratégias de combate à pandemia, sobretudo por meio da vacinação. Após demorar para conseguir imunizantes, o Brasil acelerou a vacinação desde que ela teve início no País, em janeiro.
Na última sexta-feira, por exemplo, o País superou a marca de 100 milhões de vacinados contra a Covid, de acordo com o consórcio de veículos de imprensa. Esse número é referente aos imunizados com a primeira dose (sem contar os brasileiros vacinados com a Janssen, de dose única) e equivale a quase metade da população. Já o número de pessoas que completou o plano vacinal, com duas doses, está em 20%.
Contudo, apesar da perspectiva animadora, não podemos nos descuidar. O contágio ainda está forte. E por mais que tenha despencado, o número de óbitos segue alto. Ainda há registros de mortos até mesmo de pessoas sem comorbidades. Mais de 10,1 mil pacientes seguem internados no Estado, sendo 5.276 em UTIs e 4.880 em enfermarias. Ao longo da pandemia, o Estado de São Paulo já registrou mais de 4 milhões de casos e 140 mil óbitos.
Além disso, um dos maiores temores são as novas cepas que surgem a todo momento. São elas que irão causar uma provável vacinação anual contra a Covid, assim como acontece com as vacinas de gripes. Portanto, todo cuidado é pouco.
As vacinas ajudam demasiadamente a combater o vírus, mas não garantem que não haja contaminação. O primeiro passo é não vacilar e completar o ciclo vacinal daqueles que têm de tomar duas doses. Nesse quesito vale também orientar e conscientizar aqueles que não foram vacinados para que sejam imunizados, independentemente do motivo da falta. Pode ser um familiar, um amigo ou um vizinho. A vacina pode salvar não apenas quem a toma, mas toda a coletividade.
Que as pessoas, de forma consciente, pratiquem a “retomada segura”, que é como tem sido chamada essa nova fase do Plano SP ,que começou a valer no último domingo com mais um lote de flexibilizações. Retomar a vida, o trabalho, a família e os amigos de forma segura é tudo o que queremos.