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Editorial

Ainda não é hora de abaixar a guarda

É preciso ter consciência de que a pandemia, infelizmente, ainda não acabou. Assim, devemos, mais do que nunca, cumprir todos os cuidados sanitários

01 de Agosto de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
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Domingo, 1º de agosto de 2021. Às 6h começa a valer mais uma etapa de flexibilização do Plano São Paulo de contingência à Covid-19. Durante as duas próximas semanas, as atividades comerciais e os serviços não essenciais poderão receber até 80% da capacidade de ocupação, ao invés do teto de 60% previsto anteriormente. O período de funcionamento diário, por sua vez, que se encerrava, obrigatoriamente, às 23h, agora está autorizado a prosseguir até à meia noite. Os parques estaduais também voltam a funcionar em horário normal. Além disso, fica suspenso o toque de recolher que vigorou nas madrugadas durante meses.

A expectativa é que, a partir da terceira terça-feira -- dia 17 --, sejam suspensas todas as restrições relativas aos horários e à proporção de clientes nos ambientes públicos. A confirmação da notícia com a qual todos sonham há quase 18 meses, no entanto, está condicionada ao cumprimento das mais básicas regras anti-pandemia: usar máscara, evitar aglomerações e higienizar as mãos. Em outras palavras, tudo depende do bom senso que a população demonstrar na prática doravante.

De acordo com o governo estadual, a decisão de abrandar os protocolos sanitários neste momento tem respaldo estritamente científico. Na última quarta-feira (28), quando o governador João Doria confirmou o avanço da retomada das atividades, os indicadores da Secretaria da Saúde mostravam reduções consistentes nas médias diárias de novos casos (-20,6%), de internações (-18,3%) e de mortes (-9,6%) provocadas pelo coronavírus em todo o território paulista. O titular da pasta, Jean Gorinchteyn, mostrou-se otimista ao confirmar que São Paulo vem registrando quedas sucessivas nas internações de pacientes com coronavírus em enfermaria e também em UTI (Unidade de Terapia Intensiva). A taxa estadual de ocupação de leitos de UTI Covid-19 estava em 54%.

Outro subsídio fundamental levado em consideração pelas autoridades sanitárias do Estado no momento de deliberar sobre o afrouxamento das restrições às atividades foi a evolução positiva da campanha de vacinação. Conforme as estatísticas oficiais, em meados da semana que está terminando exatos 75,9% dos moradores adultos de São Paulo tinham recebido ao menos uma dose de imunizante contra a Covid-19. Na mesma ocasião, o esquema vacinal completo já havia sido aplicado a 27,2% dos maiores de 18 anos em todo o Estado. Seguindo nessa velocidade, o intuito do governo paulista é concluir a cobertura vacinal dos adultos em todos os municípios até o próximo dia 16.

Não obstante o panorama da pandemia neste momento em São Paulo seja, de fato, o mais auspicioso em muitos meses -- provavelmente, desde o início da crise universal --, por conta do sentido descendente das cifras envolvidas, as experiências vivenciadas em outras regiões do planeta alertam para a necessidade de prudência redobrada. As justificativas para o otimismo ponderado são inúmeras. A começar pelo fato de muitos Estados brasileiros -- assim como países -- enfrentarem estágios diferentes da evolução pandêmica neste exato instante. Alguns deles, lamentavelmente, às voltas com novo aumento de casos, internações e óbitos. Some-se a isso, o surgimento de variantes ainda mais letais do vírus Sars-COV2, como a Alfa, Beta, Gama e Delta, surgidas, respectivamente, no Reino Unido, África do Sul, Brasil e Índia. Vale lembrar, principalmente, o recrudescimento do cenário em áreas onde o contágio e os seus efeitos eram considerados sob controle, como Holanda, Coreia do Sul, Austrália e EUA.

Como ressaltou o empresário Sérgio Reze, presidente da Associação Comercial de Sorocaba (Acso), em entrevista ao Cruzeiro do Sul, na sexta-feira (30), é preciso ter consciência de que a pandemia, infelizmente, ainda não acabou. Assim, devemos, mais do que nunca, cumprir todos os cuidados sanitários para que possamos sair o mais rápido possível da crise. Não queremos e nem podemos regredir. Por isso mesmo, eventos que geram aglomerações, como casas noturnas, shows de médio e grande porte e competições esportivas com público, entre outros, continuam proibidos. Por fim, resta a todos nós continuarmos fazendo a “lição de casa”, que é o uso de máscara, o distanciamento mínimo de 1,5 metro das outras pessoas e a higienização constante das mãos.