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Jogos Olímpicos

Bela cerimônia de superação olímpica

Com tantas adversidades, realização dos Jogos de Tóquio retrata a resiliência dos japoneses e também da humanidade na luta contra a pandemia

24 de Julho de 2021 às 01:00
Cruzeiro do Sul [email protected]
Mesmo remanejada para este ano, 12 meses depois do previsto, ainda pairava no ar uma incerteza se teríamos ou não os Jogos de Tóquio
Mesmo remanejada para este ano, 12 meses depois do previsto, ainda pairava no ar uma incerteza se teríamos ou não os Jogos de Tóquio (Crédito: Philip Fong / AFP (27/3/2020) )

No início de 2020, quando a pandemia surgiu e o mundo ainda não tinha ideia do que iria acontecer, imaginava-se que as Olimpíadas de Tóquio poderiam significar o congraçamento da humanidade na superação do novo coronavírus. Infelizmente isso não aconteceu no ano passado.

A devastação provocada pelo Covid-19 foi tão forte que, pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos, uma edição teve de ser adiada. Desde 1896, quando foi realizada a primeira Olimpíada, em Atenas, três edições foram canceladas, mas todas por guerras: as Olimpíadas de Berlim de 1916 (1ª Guerra Mundial), e Helsinque-1940 e Londres-1944 (ambas por causa da 2ª Guerra Mundial).

Mesmo remanejada para este ano, 12 meses depois do previsto, ainda pairava no ar uma incerteza se teríamos ou não os Jogos de Tóquio. Por conta da pandemia que ainda atormenta diversas partes do planeta, essa dúvida perdurou até poucas semanas atrás.

Felizmente a nuvem pesada foi dissipada e, ontem, o mundo pôde, enfim, acompanhar a abertura do maior festival esportivo da Terra. Foram 1.797 dias entre o encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e a abertura da Olimpíada de Tóquio.

Mesmo com todas as particularidades que transformaram esses Jogos numa exceção, como a proibição de público na maior parte dos estádios e arenas, a proibição de estrangeiros no país para acompanhar o evento, as severas medidas de segurança sanitárias e toda a indefinição que cercou o evento, a realização das Olimpíadas tem um significado que transcende o campo esportivo.

Realizar os Jogos representa, lá no fundo, a superação e resiliência da humanidade. Uma espécie de demonstração de que, mesmo com tantas dificuldades, com tantas vítimas, com tanta dor, temos de seguir em frente.

A vida, para quem sobreviveu à tragédia da pandemia, não pode parar. É preciso prosseguir. Até para mostrarmos que somos mais fortes do que o vírus. Vamos vencê-lo, mais cedo ou mais tarde. É um atestado de garra e de esperança.

E para simbolizar tudo isso, ninguém melhor do que os japoneses, anfitriões dos Jogos. As Olimpíadas ficarão marcadas como mais uma demonstração da resiliência desse povo que tem como características a disciplina, tradição, respeito, pontualidade e perseverança.

Foi com esses lemas que o país conseguiu se reerguer após duas bombas atômicas e uma capitulação na Segunda Guerra Mundial. Com eles também superou a tragédia do terremoto seguido de tsunami, em 2011, na qual milhares de vidas foram ceifadas e parte do país acabou destruído.

Agora, em 2021, mais uma vez os japoneses dão uma lição de vida. Entregaram instalações impecáveis. Absorveram os enormes prejuízos advindos do adiamento e da falta de turistas. Aceitaram a profunda decepção de não poderem, por motivos alheios à vontade deles, fazerem a festa na qual empenharam tanta dedicação. E ainda assim os japoneses perseveraram para realizar os Jogos.

Sem público e com delegações reduzidas por conta das regras sanitárias, a cerimônia de abertura no Estádio Olímpico não foi aquela festa com a qual estamos acostumados. Nem poderia ser. Mas até por tudo o que a humanidade vem passando desde o início da pandemia, ela foi singela e emocionante.

Teve de globo terrestre formado por drones a voo de origamis, passando por mensagens de solidariedade às vítimas da Covid. Um show de tecnologia e criatividade, tecnicamente impecável. Como praticamente tudo que o Japão se propõe a fazer.

De maneira adequada, no tom certo para o momento, o espírito olímpico foi celebrado com entusiasmo, mas de forma respeitosa e em luto.

E por mais que a festa não tenha sido a que imaginávamos quando Tóquio foi escolhida a sede dos Jogos, o reconhecimento de todo o mundo será eterno. A abertura dos Jogos representa um momento de esperança e de união para superar adversidades. Sejam elas nas quadras, estádios e arenas. Ou na vida.