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Editorial

Ações certas para melhorar imagem

Mesmo com imagem ruim do Brasil no exterior, por conta de desmatamento, o agro segue forte. Imaginem se melhorarmos isso!

23 de Julho de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
o agronegócio brasileiro é um dos mais representativos do mundo, especialmente em exportações
o agronegócio brasileiro é um dos mais representativos do mundo, especialmente em exportações (Crédito: Divulgação / Ministério da Agricultura )

Não é novidade para ninguém a importância do agronegócio no Brasil. O setor tem sido crucial no crescimento econômico brasileiro, com participação expressiva no Produto Interno Bruto (PIB), além de relevante gerador de renda ao País. Desde o ano passado, o agro vem atravessando um boom. Só em 2020, cresceu 24,3%. Dos R$ 7,4 trilhões do PIB nacional, 26,6% correspondem a ele. E, de acordo com os números deste ano, a tendência é crescer ainda mais.

Dessa forma, o agronegócio brasileiro é um dos mais representativos do mundo, especialmente em exportações. O Brasil é o maior exportador mundial de café, açúcar e cana, além de ser o 2º maior de carne bovina e o maior de carne de frango. O faturamento anual de exportação de alimentos é de US$ 101 bilhões. A produção agropecuária brasileira se desenvolveu de tal forma que o País será o grande fornecedor de alimentos do futuro. Essa “revolução” agrícola segue abrindo perspectivas.

Nesse sentido, o alerta dado anteontem pelo presidente do Conselho Diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Marcello Brito, precisa ser ouvido e levado a sério. E providências devem ser tomadas o quanto antes.

Do alto de seu cargo e da sua experiência no setor, Brito afirmou que a atualmente a imagem do Brasil no mundo é a pior da história e que a pressão acerca do desmatamento da Amazônia tem atrapalhado o País no fechamento de novos acordos com outros países.

Portanto, definitivamente, as ações e planos em relação ao desmatamento no Brasil não podem ser tratadas com o fígado, de forma politiqueira e apaixonada. Na verdade, deixou de ser somente uma questão ambiental, de brigar para ver qual lado do espectro político está certo ou errado.

É muito maior do que isso, é uma questão econômica. E das grandes. E nela não há espaço para teimosias, discussões ideológicas, amadorismos e mimimis. De nenhum dos lados, nem de quem está no poder nem de quem critica. Nessa toada, o Brasil só perde.

O certo seria uma ação conjunta sobre o tema, envolvendo governo, políticos, oposição, entidades e órgãos. Todos, juntos, deveriam trabalhar para melhorar esse cenário. Isso, sim, seria brigar pelo bem da população.

Nesse tema, também é preciso estar atento e combater, com eficácia, o lobby internacional que é feito contra o Brasil pelos países ameaçados pela força do nosso agronegócio. Do jeito que está, estamos apanhando dos dois lados. Primeiramente por termos afrouxado o combate ao desmatamento.

E mesmo quando há ações positivas nesse segmento, somos vítimas do marketing negativo feito de forma proposital para manchar ainda mais a imagem que já é ruim. Afinal, o agro brasileiro incomoda muito agricultor e pecuarista no exterior. Criticar o Brasil é também uma forma de tentar preservar seus negócios, uma tentativa de reserva de mercado.

Se o Brasil consegue esse protagonismo mundial no agro mesmo com todas essas dificuldades, como seria se conseguíssemos limpar essa imagem no exterior?

Os agentes envolvidos nessa questão precisam entender que, no âmbito mundial, a economia de carbono não é perfumaria de meia dúzia de ONGs revoltadas. Nem está restrito a uma ou outra região. É um assunto que domina a pauta dos principais países do mundo. Algo global, um movimento das principais economias do planeta, e que atinge governos, multinacionais, conglomerados e pessoas. Não há como fugir dessa discussão.

É preciso ter consciência de que as preocupações com os critérios de sustentabilidade não são apenas “modinha”. Atualmente existe um comprometimento real das empresas com essas questões. E não apenas por motivos nobres. É que nos dias de hoje, investidores -- sejam eles grandes grupos ou pessoas físicas -- têm tomado decisões pelo propósito, não mais só pela remuneração.

Mas para isso é preciso cuidar de nosso meio ambiente, sobretudo da Amazônia. Cuidar, mostrar que está cuidando, e se precisar, provar que está cuidando. Assim iremos quebrar todas essas desconfianças e partir para um salto ainda maior de nosso agronegócio e da economia.