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Editorial

Momento favorável, mas sem distração

Com bom ritmo na vacinação, Brasil enfim apresenta queda nas taxas de óbitos, contágio e ocupação de leitos de UTI Covid

16 de Julho de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
O Brasil vem, finalmente, conseguindo bons avanços contra o novo coronavírus, desde que a vacinação atingiu um ritmo sólido
O Brasil vem, finalmente, conseguindo bons avanços contra o novo coronavírus, desde que a vacinação atingiu um ritmo sólido (Crédito: Secom/Sorocaba)

Depois de meses de dificuldades no combate à pandemia, o Brasil vem, finalmente, conseguindo bons avanços contra o novo coronavírus. Desde que a vacinação atingiu um ritmo sólido, com boa média diária, e o porcentual da população vacinada começou a subir, há indicações de melhoria do cenário.

Computando-se os números de ontem, a média móvel (que leva em consideração um período de sete dias, evitando eventuais distorções abruptas) de óbitos diários por Covid é de 1.252, o menor patamar registrado desde 1º de março. E melhor, essa média está em queda há 19 dias consecutivos.

Em comparação à média de 14 dias atrás, a variação foi de -19%. Quando há diminuição da média móvel maior do que 15% em relação a duas semanas anteriores, os especialistas consideram que a curva apresenta queda.

Como comparação, de 17 de março a 10 de maio, foram 55 dias seguidos com média móvel de mortes acima de 2 mil. No pior momento do período, a média chegou ao recorde de 3.125, em 12 de abril.

Outro ponto positivo é que a taxa de transmissão do vírus no Brasil caiu para 0,88, de acordo com o conceituado Imperial College, de Londres. Isso significa que cada 100 pessoas infectadas transmitem o vírus para outras 88.

Esse é o índice mais baixo desde novembro de 2020, quando a taxa era de 0,68. Pela margem de erro, o ritmo de contágio pode ser maior (até 0,96) ou menor (até 0,77). De qualquer forma, em ambos os casos está abaixo de um.

Quando ele é superior a um, cada infectado transmite para mais de uma pessoa e a doença avança. Já é a terceira semana consecutiva que o dado permanece abaixo de um. Segundo os epidemiologistas, os surtos começam a ser controlados quando a taxa de transmissão fica por pelo menos duas semanas seguidas neste patamar.

E os dados animadores não param por aí. No momento, nenhum estado do País apresenta, no sistema público de saúde, taxa de ocupação de leitos de UTI Covid acima de 90%. Isso não acontecia desde dezembro de 2020.

Em São Paulo, esse índice é de 54%, número semelhante ao de novembro do ano passado. No Estado de São Paulo, por exemplo, a letalidade dos pacientes hospitalizados por Covid felizmente despencou 46% em junho, em comparação com o mês de março, auge da segunda onda da pandemia. As internações também caíram 44% nesse intervalo.

Todo esse cenário motivou até uma edição extraordinária do Boletim Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apontando a queda nos indicadores -- números de casos, óbitos e taxa de ocupação de leitos de UTI. Segundo a Fiocruz, o processo indica um arrefecimento mais duradouro da pandemia nos próximos meses.

Contudo, apesar da queda nas médias e em diversos outros parâmetros, não podemos baixar a guarda. Os avanços podem ser até comemorados, mas de forma tímida e consciente. Temos de lembrar que já observamos retrações em outros momentos da pandemia.

Porém, por uma série de motivos como novas cepas, variantes e afrouxamento das medidas de prevenção, os índices voltaram a subir de forma alarmante. Portanto, é necessário manter todos os cuidados sanitários possíveis, como uso de máscaras e distanciamento social sem aglomerações.

As vacinas ajudam muito, claro, mas não evitam a contaminação. Vide o exemplo do governador de São Paulo, João Doria. Ele anunciou ontem que foi novamente diagnosticado com o vírus, em mais um caso de reinfecção.

Outro ponto importante é que, mesmo com a tendência de queda, os índices do Brasil ainda estão altos em relação à história da pandemia pelo mundo. Então, todo cuidado é pouco. Sigamos em frente!