Buscar no Cruzeiro

Buscar

Editorial

200 mil razões para prevenir o colapso

Sorocaba caminha no sentido correto, no que se refere à utilização da testagem para enfrentamento da pandemia

20 de Junho de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
placeholder
placeholder

Com a marca dos 200 mil testes para detecção do vírus Sars-CoV-2, Sorocaba dá mais um passo indispensável no caminho da superação da pandemia do novo coronavírus. A ampliação do uso dessa ferramenta profilática, juntamente com a extensão da vacinação às faixas etárias mais jovens da população, assim como o aumento do nível de conscientização no que se refere ao cumprimento dos protocolos sanitários -- incluindo, se necessário, a repressão às aglomerações --, certamente resultarão na redução dos casos de Covid-19 em suas versões mais graves. Dessa forma, consequentemente, a cidade se afasta do anunciado colapso na ocupação dos leitos de UTI durante o inverno, estação que tem início amanhã no Hemisfério Sul.

De acordo com os dados oficiais levantados pelo repórter Marcel Scinocca e citados na reportagem exclusiva que o Cruzeiro do Sul publica neste domingo, até o início da noite de sexta-feira (18), o município registrava um total de 199.773 testes realizados desde o início da pandemia, em março do ano passado. Desse montante, 67.982 exames confirmaram infecções pelo novo coronavírus. Outros 130.112 testes apresentaram resultados negativos, permitindo descartar, naquele momento, a ocorrência da doença. Os demais 1.679 pacientes testados ainda aguardavam os resultados dos exames para saber se engrossariam as estatísticas da pandemia. Do total de sorocabanos infectados, 64.554 conseguiram vencer o vírus e estão recuperados. Lamentavelmente, 2.176 pessoas perderam a batalha contra a Covid-19 nestes 15 meses, em Sorocaba.

Na reportagem do Cruzeiro deste domingo sobre o índice de testagem para detecção do Sars-CoV-2 em Sorocaba, todos os especialista ouvidos chamaram a atenção para a importância do exame como arma preventiva à expansão da Covid-19. Destacaram que, embora o foco principal continue sendo a vacinação, ela não é a única forma de combate à pandemia. Há unanimidade na defesa dos três eixos apontados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para o controle da propagação da doença: ampliação da testagem dos casos sintomáticos, principalmente aqueles com sintomas leves; rastreamento de possíveis contaminados identificando as pessoas que tiveram contato com quem testou positivo e o isolamento desse grupo; e vigilância genômica constante para identificar variantes. Sem esses parâmetros, o poder público pode agir atrasado ou antecipar medidas drásticas que poderiam não ser necessárias.

Conforme os especialistas, um dos indicadores essenciais obtidos por meio da testagem em massa é a proporção de exames positivos. Quando ele está alto, pode indicar descontrole da epidemia ou baixa capacidade de testagem. A OMS aponta que uma taxa de positividade inferior a 5% é um indicador de que a epidemia está sob controle. Coincidentemente ou não, os países que mais investiram em testagem no início da pandemia foram os que registraram índices de mortalidade mais baixos antes mesmo da vacinação, como Nova Zelândia, Austrália e Coreia do Sul. Hoje, países com a vacinação avançada -- o Reino Unido, por exemplo -- usam a testagem para planejar os próximos passos do relaxamento do lockdown e monitorar os riscos de novas variantes. Segundo dados de maio, foram feitos até agora mais de 2.300 testes por mil habitantes no Reino Unido.

A avaliação dos dados numéricos demonstram que Sorocaba caminha no sentido correto, no que se refere à utilização da testagem como instrumento para embasar a formulação de políticas de enfrentamento da pandemia. Consolidando o 200 mil testes neste domingo, o município estará alcançando uma cobertura de testagem muito superior à média brasileira. Tomando como base a estimativa mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que atribui ao município um total de 687.357 moradores fixos, a taxa de testagem local atinge o patamar de 290 para cada grupo de mil habitantes. De acordo com a plataforma Our World in Data, da Universidade de Oxford, a base de dados atualizada neste sábado (19), registrava no País inteiro a proporção de 149 testes por mil habitantes. Em termos de comparação mundial, caso fosse um país, Sorocaba ocuparia a 103ª posição, de um total de 200 nações avaliadas. Na mesma classificação, o Brasil ocupa o 114º lugar. Neste ranking, Sorocaba leva nítida vantagem sobre 97 países, incluindo Bolívia (144 testes para mil habitantes), Filipinas (122), Peru (121), Japão (117), China (111), México (53) e Indonésia (44).

Aos cidadãos sorocabanos, cabe, neste momento, cumprir o seu papel ainda com mais afinco: seguindo os protocolos sanitários e comparecendo aos locais de vacinação na data agenda e solicitando.