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Editorial

Vacinação: um dia bem confuso

Confusões marcaram a imunização inicial da faixa etária entre 50 e 59 anos em Sorocaba. E onde já se viu escolher tipo vacina?

18 de Junho de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
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Sorocaba teve uma quarta-feira confusa em termos de vacinação. O problema começou antes, quando foi anunciado que haveria agendamento on-line para a vacinação da faixa entre 50 e 59 anos. Na terça-feira, nem bem deu o horário e o site do cadastramento já apresentava instabilidade, não suportando os acessos. Imediatamente a gritaria foi geral nas redes sociais, com as pessoas reclamando que não conseguiam fazer o agendamento. Haviam sido disponibilizadas somente 3.600 vagas dessa faixa etária. Reconhecido o problema, foi comunicado que as pessoas tivessem paciência e aguardassem nova agenda.

Veio então a quarta-feira, e o que se viu foi uma confusão ainda maior em vários postos de aplicação. O primeiro desencontro foi que a população fez filas na tentativa de receber o imunizante no Instituto Humberto de Campos, no Shopping Cidade, e na Igreja Universal, no Centro, porém nesses pontos o atendimento era exclusivo para profissionais da educação. Já a vacinação para moradores com mais de 50 anos ocorreria apenas nas UBSs Sabiá, Ulisses Guimarães, Habiteto, Éden, Maria do Carmo e Nova Sorocaba, e para quem fez agendamento na terça-feira.

O grande problema, porém, foi que muitas pessoas que não conseguiram fazer o agendamento também compareceram aos locais de vacinação. Para piorar, diversas delas, que não haviam conseguido agendar, mas que estavam dentro da faixa etária, conseguiram receber o imunizante. Essa informação caiu nos grupos de mensagens da população e houve uma corrida aos pontos de vacinação, causando tumulto em vários deles.

Com a inesperada vacinação de não agendados, as doses disponíveis terminaram rapidamente, em alguns locais em poucas horas. Pessoas que haviam conseguido fazer o agendamento on-line chegavam para serem vacinadas e não havia o imunizante. Para se ter uma ideia, até a Polícia Militar teve de ser acionada após moradores relatarem e discutirem sobre vacinação sem agendamento em um shopping.
Não que isso faça diferença, mas houve até mesmo informação divergente da vacina a ser aplicada. Na terça, a informação era a de que a imunização por agendamento seria com doses da Astrazeneca/Oxford. Porém, nas UBSs, as pessoas foram vacinadas com doses da Pfizer.

A situação só amenizou quando, no início da tarde, a prefeitura anunciou o cancelamento de qualquer agendamento para a faixa etária de 50 a 59 anos. Novas regras para a vacinação foram estipuladas, algo que poderia ter sido feito antes: dividir menos idades em cada dia. Assim, hoje serão imunizadas somente as pessoas de 58 e 59 anos, sem agendamento -- preferencialmente os de 59 pela manhã e os de 58 à tarde. Amanhã, serão vacinadas as de 56 e 57 anos. Após essas vacinações, a Secretaria da Saúde irá avaliar a quantidade de doses e os recebimentos de mais imunizantes pelo governo estadual antes de anunciar a vacinação das demais idades. A previsão é que as pessoas de 55 e 54 anos sejam imunizadas no domingo ou na segunda, e assim sucessivamente.

Faltou planejamento, faltou dimensionamento e até mesmo retaguarda tecnológica em relação aos agendamentos. Uma parcela da população também tem culpa, sim, pois não adianta se dirigir a um posto de vacinação sem ter feito agendamento. Isso só vai causar tensão, confusão, explicação e nervosismo.

Outra questão que precisa ser levantada: onde já se viu querer escolher vacina?! Só no Brasil mesmo para acontecer algo assim. Todas as vacinas disponíveis foram aprovadas, não só pela Anvisa como pela Organização Mundial de Saúde. Escolher vacina é uma atitude mesquinha, uma vaidade sem sentido.