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Editorial

O maior aliado do novo coronavírus?

Quem anda pelas ruas pode achar que não estamos mais na pandemia

08 de Junho de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Equipes da PM durante operação contra aglomerações em Sorocaba
Equipes da PM durante operação contra aglomerações em Sorocaba (Crédito: Divulgação / PM)

Não bastasse o fato de o vírus da Covid-19 ser extremamente traiçoeiro, altamente contagioso e com considerável dose de letalidade, ele ainda encontra um fortíssimo aliado em sua cruzada: o ser humano. Em seu caminho para causar morte, sofrimento, afetar a economia e mudar a vida de muita gente, o novo coronavírus conta bastante com a irresponsabilidade, a falta de consciência e o descaso de uma parcela da população.

O último final de semana deu mais uma mostra disso aqui em Sorocaba. Quem andasse pelas ruas poderia achar que nem estamos mais em meio a uma pandemia. Festas, eventos clandestinos, bares e parques lotados. E, para piorar, a imensa maioria sem máscara, sem respeitar distanciamento mínimo, sem tomar nenhum cuidado.

Foram dezenas de relatos de irregularidades e irresponsabilidades. Em uma delas, imagens postadas em redes sociais mostram uma chácara no bairro Jacutinga totalmente lotada. Os bailes funk acontecem todo final de semana no local e são marcados e divulgados pela internet, de forma aberta, como uma afronta a quem se cuida e se protege. Até quando vamos tolerar isso?

Como de costume, operações integradas das polícias e de órgãos públicos contra os pancadões tentam barrar a baderna. No final de semana, ações feitas nos bairros Vitória Régia, Vila Helena e Parque Paineiras, em tradicionais pontos de possível aglomeração, autuaram mais de 200 veículos. Mas isso é como enxugar gelo. Parece uma brincadeira de gato e rato.

E não é só na periferia que isso acontece. Uma conhecida casa noturna, próxima ao Fórum, no bairro Alto da Boa Vista, também tem promovido baladas nos finais de semana, em local fechado -- ou seja, com maior risco de contágio. Basta passar pelo local para ver dezenas de carros, flanelinhas e movimentação até tarde da noite.

Na verdade, não era preciso nem se esconder para fazer tais aglomerações. No estacionamento do Paço Municipal, um evento com carros antigos reuniu centenas de pessoas na manhã de domingo. Somado aos costumeiros usuários do parque, o local ficou completamente cheio. E tudo isso acontecendo, repita-se, em frente à sede do Poder Executivo, na cara da prefeitura. Uma mistura de descaso com acinte. Ontem, ao falar sobre o assunto, o secretário de Segurança do município, Vitor Gusmão, afirmou que o evento não possuía autorização oficial e era, portanto, clandestino. Mas então está mais do que evidente que também existem profundas falhas na fiscalização. Afinal, o encontro ocorreu no “quintal” da prefeitura. Segundo Gusmão, as demandas e denúncias são em maior número do que a Guarda Civil Metropolitana e a Polícia Militar conseguem responder. Então, o que fazer? Pois pelo visto, apelar para o bom senso das pessoas não é suficiente.

Enquanto muita gente irresponsável faz festa, a pandemia avança. Os hospitais voltaram a ficar abarrotados e as UTIs na cidade estão com 100% de ocupação. Ou seja, tudo caminhando para uma terceira onda e para um novo período de pressão no sistema de saúde.

Por fim, algo que não serve como alento, pois estamos todos no mesmo barco, mas sejamos justos. Sorocaba não é a única cidade a ter parte da população agindo assim, de forma irresponsável. Nas últimas semanas, essas aglomerações desenfreadas vêm acontecendo por todo o País. Imagens do final de semana mostram praias cheias no Rio de Janeiro e em boa parte do litoral brasileiro, além de festas em capitais e pelo interior.

Gente curtindo a vida como se não houvesse o amanhã. E, se não tomarmos cuidado, talvez não haja mesmo.