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Editorial

Favor economizar água e energia

Após último período chuvoso ter sido o mais seco em 91 anos, e com a estiagem à frente, é hora de um esforço coletivo

03 de Junho de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Represa de Itupararanga, em Votorantim. Crédito da foto: Emídio Marques (16/03/2019)
Represa de Itupararanga, em Votorantim. Crédito da foto: Emídio Marques (16/03/2019) (Crédito: Represa de Itupararanga, em Votorantim. Crédito da foto: Emídio Marques (16/03/2019))

Depois de uma estação que já havia sido decepcionante em termos de chuva, as (poucas) águas de março fecharam o verão deste ano e deixaram uma preocupação.

Afinal, é preciso um bom índice de precipitações no verão para que as represas possam ficar abastecidas o suficiente para enfrentar o período de estiagem. Em seguida o outono chegou trazendo sua característica secura em todo o Brasil.

Mesmo algumas previsões de chuvas fortes, como as que eram esperadas em Sorocaba no último final de semana, não se confirmaram. A combinação desses fatores fez acender o sinal de alerta na questão do abastecimento de água e energia.

Não é para menos. Na semana passada, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) havia emitido um alerta de “risco hídrico”, mostrando que a situação geral já preocupava.

A decisão abriu caminho para o que se viu anteontem: a Agência Nacional de Águas (ANA) declarou situação crítica de escassez dos recursos hídricos na Região Hidrográfica do Paraná, que abrange parte de cinco Estados (Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo).

Com essa decisão, a agência poderá tomar medidas para tentar evitar um racionamento de energia até outubro, período de poucas chuvas e de seca mais severa nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.

Entre elas estão aplicar condições transitórias para a operação de reservatórios ou sistemas hídricos específicos, inclusive com a possibilidade de alterar temporariamente definições em outorgas de direito de uso de recursos hídricos.

Traduzindo, a ANA pode determinar, entre várias coisas, a redução da vazão dos reservatórios de hidrelétricas, como acaba de fazer nos rios Tocantins (Serra da Mesa), Pardo (em Caconde) e Paraná (em Porto Primavera e Jupiá).

A agência também anunciou a criação de um grupo técnico de assessoramento para acompanhar a situação da região hidrográfica do Paraná, que contará com a participação dos órgãos gestores dos recursos hídricos dos Estados abrangidos.

Diante dessas definições, a diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu criar um “gabinete de situação” para monitorar as condições do sistema elétrico nacional em 2021 e 2022 e propor medidas no sentido de evitar a escassez de energia no Brasil.

O grupo vai se reunir semanalmente e sempre que for convocado. As principais funções serão monitorar a situação do sistema elétrico; apoiar a implementação das medidas no âmbito do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) e avaliar ações que possam ser tomadas pela Aneel para garantir o fornecimento.

Toda essa situação se dá, claro, pelo baixo volume de chuvas dos últimos meses. Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o último período chuvoso, que acabou em abril deste ano, foi o mais seco em 91 anos. Em maio, o problema persistiu.

O volume de chuvas foi ainda menor que o normal para o período e infelizmente deve se agravar nos próximos meses. Com isso, o nível dos reservatórios das principais hidrelétricas do País está baixo, e o governo precisa acionar mais usinas termelétricas a fim de garantir o fornecimento de energia.

Segundo especialistas do setor, a declaração de alerta hídrico é uma boa medida para tentar evitar racionamento, mas há risco real de cortes no fornecimento de energia entre setembro e outubro, já que as chuvas só devem normalizar a partir de novembro.

Portanto, é hora de começarmos -- se ainda não tivermos feito isso -- a economizar água e energia. É hora de se precaver para não termos falta de água e racionamento de energia neste ano.