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Editorial

Boa iniciativa para a qualificação

O valor do Bônus de Inclusão Produtiva (BIP) a ser pago pelo governo será de R$ 300

29 de Maio de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Ministro Paulo Guedes.
Ministro Paulo Guedes. (Crédito: Agência Brasil / Arquivo )

Dia sim, e no outro também, o ministro da Economia, Paulo Guedes, é alvo de críticas, piadinhas e ironias. Infelizmente, quando o assunto é a economia do País, parte da opinião pública e da mídia preferem se ater à desaprovação.

Adoram enxergar o copo meio vazio. Os críticos colocam o coração à frente da razão, as ideologias à frente dos fatos. Ou alguém acha que cuidar da economia durante a maior pandemia da história em mais de 200 anos é moleza?!

Para ficar claro: estamos falando e analisando manejo da economia, e não política de enfrentamento do coronavírus.

Os críticos profissionais são incapazes de ao menos reconhecer alguma medida positiva. É como se tudo o que vier de Paulo Guedes e sua equipe fosse ruim. Não é bem assim. Que fique claro, não estamos exaltando o ministro. Longe disso. Ele é humano e erra como todos os governantes e políticos.

Mas estamos dizendo que, mesmo quando acerta, recebe apenas apupos e uma saraivada de críticas. E quando não conseguem encontrar algo para criticar, como é o caso dessa última iniciativa, não elogiam nem reconhecem como deveriam.

A última diz respeito ao programa de qualificação para jovens anunciado por Guedes há poucos dias. A ideia básica da proposta do Ministério da Economia é, por meio de parceria com empresas, pagar R$ 600 aos beneficiários do programa.

O valor do Bônus de Inclusão Produtiva (BIP) a ser pago pelo governo será de R$ 300 -- as empresas entrarão com mais R$ 300, por meio do Bônus de Incentivo à Qualificação (BIQ). Com isso, o jovem receberá R$ 600 para trabalhar por meio período e, ao mesmo tempo, se qualificar.

Ou seja, as empresas basicamente pagarão para treinar os jovens, que serão qualificados para desempenhar o que, depois, poderão vir a ser seus empregos.

Com esse programa, a expectativa é abrir cerca de 2 milhões de vagas para jovens entre 18 e 29 anos que atualmente estão fora do mercado formal de trabalho.

Independentemente de posição política, trata-se de uma iniciativa aparentemente bastante positiva de tentar ajudar a garotada a trabalhar, ganhar um dinheirinho e, principalmente, aprender algumas coisas para o mercado de trabalho -- e também para a vida: compromisso, comprometimento, respeito, educação, hierarquia, pontualidade, entre tantas outras virtudes oferecidas pelo trabalho honrado.

Recentemente, ao falar sobre o programa, Guedes usou a expressão “evitar o que, no mercado de trabalho, se chama de Efeito Cicatriz”, se referindo ao termo usado por especialistas para explicar os prejuízos à evolução profissional que costumam afetar quem ingressa de forma precária no primeiro emprego.

Ou seja, o BIP é uma brecha para os jovens não caírem na tentação do êxodo profissional, do subemprego, da falta de objetivos e até da criminalidade.

Ao detalhar o programa, o ministro também disse que o objetivo é que sejam contratos de trabalho de pelo menos um ano para que a cobertura aos jovens seja maior e mais efetiva, mesmo com o governo já tendo recursos para seis meses de ação. O programa de qualificação custará pelo menos R$ 6 bilhões em 12 meses.

A intenção da equipe econômica é enviar uma medida provisória ao Congresso. O novo programa deve ficar fora do teto de gastos (regra que limita o crescimento da despesa pública), financiado por meio de crédito extraordinário relacionado às ações contra a pandemia.

Na prática, o programa visa também dar uma assistência a uma parcela da população conhecida como “cidadãos invisíveis”, ou seja, aqueles que não são atendidos por nenhum programa como o Bolsa Família e nem pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC). É uma tentativa louvável de tentar ajudar milhões de brasileiros a dar seu primeiro passo no mercado de trabalho. Que seja encarada com o devido reconhecimento.